Caio de Freitas Paes

Cerrado baiano perdeu quase 2 bilhões de litros de água por dia para o agronegócio na pandemia

Entre abril e novembro, o governo da Bahia liberou 1,9 bilhões de litros para captação diária por projetos agrícolas no oeste do estado. A região é marcada pelo avanço de grandes lavouras de soja, cujo uso descontrolado da água ameaça afluentes, veredas e mananciais de rios essenciais como o Corrente e o São Francisco.

 

Cerrado baiano perdeu quase 2 bilhões de litros de água por dia para o agronegócio na pandemia

Grilagem no Cerrado baiano resvala na Cargill e em fundo de pensão dos EUA

Quem viaja ao extremo oeste da Bahia se vê cercado por lavouras de soja preenchendo toda a faixa entre o horizonte e as margens de rodovias federais, como a BR-135, e estaduais, como BA-225 ou BA-459. Apelidada de nova fronteira do grão no Brasil, a região tem suas estradas tomadas por caminhões atulhados com insumos, rebanhos e toneladas da oleaginosa. A safra 2019-2020 foi a 2ª melhor da história no oeste baiano: mais de 6 milhões de toneladas de soja foram produzidas no estado. Este desempenho atrai grandes empresas, como a SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos do Brasil.

Grilagem no Cerrado baiano resvala na Cargill e em fundo de pensão dos EUA

Foto: Alicia Prager

Em 8 de setembro passado, uma sentença criou um terremoto em um velho conflito por terras em Cotegipe, no Cerrado baiano, a mais de 800 km de Salvador. Foi quando a 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia entendeu que a empresa Caracol Agropecuária Ltda. grilou, ali, uma área maior que o município do Rio de Janeiro.

Após se envolver na grilagem de 140 mil hectares, Harvard escapa da Justiça na Bahia

Avanço da soja envenena aldeias e seca riachos em reserva dos Munduruku

A paisagem ao redor das aldeias dos Munduruku em Santarém, no oeste do Pará, mudou muito nos últimos 20 anos. O que já foi um imenso planalto no coração da Amazônia, úmido e com densas matas repletas de iguarias como açaí e palmito pupunha, tornou-se um deserto verde.

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“Janeiro sangrento” para os Kaiowá do Mato Grosso do Sul tem incêndio em casa de reza, ataques e corte em cestas básicas

O ano de 2020 mal havia começado quando uma série de agressões assolaram os Kaiowá em Dourados e Rio Brilhante, municípios próximos à fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Entre os dias 2 e 3 de janeiro, houve atentados a locais sagrados aos indígenas, expulsões e violentos embates contra seguranças armados e oficiais do governo estadual. A situação chegou a tal ponto que uma criança indígena foi atingida e ferida por uma granada em Dourados.

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Matopiba concentra mais da metade das queimadas no Cerrado

Uma das principais fronteiras do agronegócio no Brasil, região também lidera casos no acumulado de 2019, com aumento de 44,5% dos incêndios em relação a 2018

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Para se proteger de ameaças, maior quilombo do país, o Kalunga, mapeia território em Goiás

Pouco a pouco, a tecnologia se esgueira por entre os vãos das serras entre Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, no nordeste goiano. Nos três municípios, está o maior quilombo reconhecido oficialmente no país: o território Kalunga. Hoje, os kalungas estão finalizando um georreferenciamento próprio de suas terras: são mais de 262 mil hectares, reconhecidos há quase vinte anos pelo governo federal, com aproximadamente 1.500 famílias espalhadas por ao menos 39 comunidades no quilombo. 

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