Brasil: declaração da ABA sobre feijão transgênico
"A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA- Agroecologia) vem à público declarar a sua surpresa e indignação pelo uso antiético e de má fé de seu nome pela Embrapa, como se nossa entidade estivesse apoiando a liberação comercial do feijão transgênico."
DECLARAÇÃO
A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA- Agroecologia) vem à público declarar a sua surpresa e indignação pelo uso antiético e de má fé de seu nome pela Embrapa, como se nossa entidade estivesse apoiando a liberação comercial do feijão transgênico. Ademais o texto gera confusões na medida em que apresenta de forma descontextualizada, os fatos relatados em um Projeto Piloto (PFOA) realizado em 2008, onde: "foram convidados membros representantes de supermercados, formadores de opinião em biotecnologia, representante dos produtores, pesquisadores da área de sociologia rural, representantes de empresas de biotecnologia multinacional, da área médica, cooperativas agrícolas, associação de donas de casa, representante dos consumidores, ambientalistas, representante da Confederação Nacional das Indústrias e Associação Brasileira de Agroecologia".
No texto do documento apresentado para liberação comercial, a Embrapa afirma que: "Como resultado esse grupo concluiu que o feijoeiro GM (1) é uma alternativa relevante para o controle do mosaico dourado; (2) possui vantagens significativas, pelo menos em curto prazo, no referente à redução do uso de agroquímicos, proteção à saúde dos produtores rurais e à redução do custo de produção; (3) significativos benefícios para os produtores rurais, embora possa implicar em transformações na dinâmica do mercado de feijão; (4) necessidade de transparência das informações para os consumidores permitindo o direito de escolha (CGEE, 2008; Guivant et al., 2010)".
No relatório da Oficina, como resultado da mesma, não são apresentadas CONCLUSÕES conforme a afirmação do documento apresentado pela Embrapa, mas apenas uma “SISTEMATIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DOS PARTICIPANTES DA OFICINA”, não indicando que tenha havido aprovação do feijão transgênico e sequer que tenha havido consenso (CGGE,2008)
Em apresentação da metodologia pela autora citada (Guivant, 2010) – Governabilidad de riesgos ambientales y estratégias de consulta publica – IN Foro- Taller –Apropriación Social de la Ciência ,la trecnología y la Inovación, a autora, quando se refere ao método utilizado, esclarece que:
“Apesar do debate estar altamente carregado, quando se entra a discutir um transgênico em especial, com representantes de setores de interesse que não são porta vozes, o debate se enriquece, se aprofunda, entra em complexas posições que superam o mero dualismo entre ser a favor ou ser contra.”
“Por isto a metodologia não (destaque da autora) deve ser identificada com uma forma de legitimar uma determinada inovação.”
Desta forma a ABA-Agroecologia, vem repudiar o uso indevido do nome da entidade no referido documento, deixando registrado que ele foi incluído de má fé.
Ademais, registramos nossa solicitação para que a EMBRAPA repare os danos causados à Associação Brasileira de Agroecologia e a sua imagem pública, através de uma carta de correção das afirmativas inverídicas contidas no documento.
Por fim, a Associação Brasileira de Agroecologia – ABA reafirma sua posição contrária à liberação de qualquer evento transgênico, pois os mesmos atentam contra a soberania alimentar dos povos e contra o direito dos agricultores, povos e comunidades tradicionais do livre uso da biodiversidade, e reforça ainda que a liberação de OGMs deve respeitar o Princípio da Precaução.
Diretoria da ABA – Agroecologia ( Associação Brasileira de Agroecologia)
Brasília, 17 de Maio de 2011.
Fuente: ABA- Agroecologia