Resistir ao furacão da globalização parece impossível em um mundo que avança na modificação genética para uso na agricultura, na consolidação de cultivos intensivos e nos alimentos processados, mas Vandana Shiva, a grande ativista da biodiversidade e do ecofeminismo, parece ter conseguido essa façanha. Cheia de energia, dona de um sorriso que não perdeu intensidade e de uma convicção que desafia as mais virulentas críticas, esta mulher nascida na cidade indiana de Dehradun há 69 anos continua com todo vigor sua luta pela diversidade de sementes contra as monoculturas, pelo papel da mulher na economia, pela água, contra as patentes agrícolas e por um conceito que ela defende como bandeira para novos tempos tempestuosos: o sentimento de pertença. “Belonging.” Uma ideia que em seu discurso engloba muito mais do que o fato de fazer parte de um clube, pois inclui algo tão imaterial quanto a comunidade, o coletivo, a autenticidade e a família em sentido amplo. Muito amplo.