Uma outra Amazônia com diversidade, soberania e paz
De 18 a 22 de janeiro, em Manaus, milhares de pessoas estarão renovando no IV Fórum Social Pan Amazônico os objetivos de uma outra Amazônia possível: a soberania dos povos amazônicos, a diversidade cultural e ecológica, a paz social para um novo desenvolvimento
Serão dezenas de eventos organizados em pontos do centro histórico da cidade, situada nas margens do encontro entre os rios Negro e Solimões. São esperadas oito mil pessoas vindas de diversos estados brasileiros, dos países vizinhos e até mesmo de outros continentes. Na maioria, lideranças comunitárias que conseguiram viabilizar caravanas com muita persistência e solidariedade.
Como aconteceu em 2002 e 2003 (em Belém, no Pará) e em 2004 (em Ciudad Guyana, na Venezuela), as oficinas e seminários foram inscritas em cada eixo diretamente pelos grupos proponentes. Dessa maneira, a leitura dos eixos de soberania, paz e diversidade é bastante subjetiva e deve ser refeita de acordo com os interesses dos participantes. As conferências, por outro lado, buscam temas amplos que marcam as linhas de força do evento: sociobiodiversidade e globalização, construção da autonomia popular, descolonização e geopolítica, acordos multilaterais e grandes projetos, territórios comunitários e especulação, estratégias populares de resistência, industrialização e agronegócio, cultura local e indústria cultural.
Nos seminários e oficinas, uma das análises possíveis é que o tema mais presente é diversidade, seguido pela construção da paz e em seguida pela defesa da soberania. Neste caso, o primeiro representa a valorização da diversidade humana e ecológica da Amazônia. O segundo abrange as alternativas sustentáveis de desenvolvimento. E o terceiro tema abordaria tanto a conjuntura política como as ameaças na Amazônia Continental.
No eixo da soberania estariam sendo discutidos, dessa maneira, temas tão diversos como a mineração, a soja, a integração de infraestrutura sulamericana, os grandes projetos governamentais, os acordos de livre comércio, o petróleo, as condições de trabalho, a discriminação, as fumigações do plano colômbia, as questões de saúde ou da violência contra crianças e adolescentes e a militarização.
No eixo da diversidade, por outro lado, estariam sendo discutidas questões como os ribeirinhos, as culturas ancestrais, o guaraná, as mulheres e as águas, a memória e saúde afrobrasileiras, a biodiversidade, o hip hop, o ecossocialismo, as políticas para a juventude, as relações entre tecnologias e patrimônio cultural, as relações entre o rural e o urbano, as águas e as terras, a relação entre teatro e rituais indígenas, o maracatu, o jornalismo intercultural, a aliança dos movimentos da floresta e as fotografias de lata.
No eixo da paz, construindo essa outra Amazônia possível, estariam colocadas as questões da agricultura sustentável, dos conhecimentos locais, da agroecologia, das práticas da paz, do manejo florestal comunitário, das rádios comunitárias, dos negócios sustentáveis, da educação cidadã, da sincronicidade, das concessões florestais, dos congressos das cidades, das relações entre sustentabilidade e vida, da multiplicação de agendas 21, da técnica de caretas contra distúrbios pessoais, da geração de renda, do uso de recursos naturais, da economia solidária, dos objetos reciclados, das relações entre sociedade e ambiente.
A circulação entre os diversos eventos do fórum, para quem estiver presente em Manaus, vai ser facilitada pela concentração de todos no centro histórico da cidade, incluindo as atividades culturais do início da noite. Esses lugares, com auditórios e salas, são o Colégio Brasileiro (Rua 10 de Julho, próximo ao Teatro Amazonas), o Colégio Estadual (Avenida 7 de Setembro, próximo da Praça da Polícia), o Porto de Manaus (próximo ao Largo da Matriz), o Colégio Francisca Albuquerque (Avenida Joaquim Nabuco, próximo ao Colégio Brasileiro) e o Colégio Santa Teresinha (Avenida 7 de Setembro, próximo ao Colégio Estadual).
Até mesmo a marcha de abertura, na tarde do dia 18 de janeiro, vai acontecer entre a Praça da Polícia e o Largo São Sebastião (em frente ao Teatro Amazonas). Dessa maneira, os participantes sul-americanos ou de outros continentes vão apreender rapidamente a geografia da região central de Manaus, com a massa de água do rio Negro num extremo e os casarões do auge da borracha no outro. A maioria também não deve estranhar a temperatura quente dessa época do ano, abrandada esporadicamente por chuvas tropicais. Muitas livrarias e espaços culturais, alguns com eventos eruditos de entrada franca, espalham-se por esse circuito. Outros possíveis pontos de interesse como a Ponta Negra, o Amazonas Shopping. o Bosque da Ciência ou mesmo os clubes de forró (conhecidos na região como ?bregas?) estão mais distantes mas podem ser acessados por linhas de ônibus.
Para quem não conseguiu mobilizar suas entidades para estar em Manaus, é possível acompanhar o IV Fórum Social Pan Amazônico à distância. Agências públicas ou independentes como a Radiobras ou a Agência Carta Maior são algumas que confirmaram a presença no evento, em alguns casos com transmissões ao vivo em rádio, tevê e internet. Um coletivo de comunicadores também está trabalhando para formar uma transmissão eletrônica do próprio fórum, que poderá ser confirmada no sítio IV Fórum Pan Amazônico.
O fórum será aberto em uma cerimônia de autoridades seguida pela marcha popular na tarde do dia 18 e depois segue com atividades até o dia 22 de janeiro. As conferências acontecem no período da manhã e as oficinas e seminários no período da tarde. Em todas as noites atrações musicais, folclóricas e cinematográficas estarão encerrando a programação em diversas praças do centro.
O Fórum Social Pan Amazônico é uma etapa regional do Fórum Social Mundial. Sua quarta edição, em Manaus, é coordenada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA) e Sindicato dos scritores do Amazonas com apoio de Cáritas Brasileira, FASE Pará, Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), CNBB, ABONG, Associação de Universidades Amazônicas (Unamaz), CONAIE - Equador, UTG - Guiana Francesa, Movimento por La Água ? Bolívia. Também contam entre os apoios o Governo do Amazonas, o Ministério do Meio Ambiente, a Prefeitura de Manaus e a Superintendência da Zona Franca de Manaus.
Programação completa em IV Fórum Pan Amazônico
Contatos por e-mail rb.moc.napmurofvi@otatnoc e (092) 231 1772.
Obs.: Colchonetes para a hospedagem solidária de parte dos 8 mil participantes podem ser entregues neste domingo (16/01) no SINTEL, em Manaus.
Rede GTA - Grupo de Trabalho Amazonico
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Coordenações regionais:
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