Syngenta a um passo de dominar nossa comida

A empresa de biotecnologia Syngenta avançou um passo grande em direção ao “domínio” de sementes no futuro com a inscrição de 15 pedidos globais de patentes sobre milhares de seqüências gênicas do arroz e de outras plantas igualmente importantes

Isso significa, na prática, que a empresa será capaz de ditar preço, acesso, pesquisa e reutilização das sementes no futuro. Em reunião com organizações não governamentais, a empresa se recusou a abandonar as patentes “megagenômicas”.

“Com essas patentes a Syngenta está reivindicando que o trabalho de agricultores nos últimos séculos passe a ser de sua propriedade. A tentativa de monopolizar de uma só vez milhares de seqüências gênicas de um dos mais importantes grãos cultivados não é nada menos do que o roubo de um bem comum”, disse Tina Goethe da Swissaid. “Isso para não falar do fato de que essas patentes podem impedir futuras pesquisas”.

De acordo com os especialistas em patentes da Syngenta, a empresa reivindicará patentes sobre todas as seqüências gênicas que possam ser de interesse comercial. Ao alegar seus direitos sobre as informações genéticas de arroz, a empresa também tenta monopolizar todas as seqüências similares de outras plantas de interesse comercial, permitindo que a mesma e todas as outras indústrias de biotecnologia determinem o preço e o acesso a todas as sementes cultiváveis. A empresa também está tentando patentear o uso de plantas na alimentação humana e em rações. O único comprometimento sinalizado pela empresa foi o de não seguir com esses pedidos de patentes nos países menos desenvolvidos.

“Essa patentes não devem ser aprovadas nunca. Se a empresa seguir com suas reivindicações, ela deve se preparar para protestos públicos e ações legais que serão movidas contra ela. (...)

O encontro com a Syngenta também revelou que o interesse da empresa no controverso “Arroz Dourado” foi conduzido principalmente por razões comerciais. Esse arroz transgênico foi apresentado pela empresa como a solução mais efetiva para combater a desnutrição em países pobres, já que a planta apresentaria teores mais elevados de vitamina A.

Em um correio eletrônico enviado às ONGs antes do encontro, Adrian Dubock, chefe de biotecnologia da Syngenta, disse que “O interesse comercial original da Syngenta era vender cultivos mais nutritivos, não só o arroz, nos países industrializados.” De acordo com Dubock, a patente do arroz transgênico não será abandonada porque “nossos acionistas não nos agradeceriam se nós nos esquecêssemos dessa possibilidade”.

“Esta declaração mostra claramente o interesse comercial desse tão aclamado projeto humanitário. Sua intenção não é ajudar às pessoas nos países em desenvolvimento: seu objetivo maior é beneficiar seus acionistas”, conclui Christoph Then, do Greenpeace Internacional. ( Swissaid, 11/08/2005; EVB)

Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
Boletim Número 267 - 26 de agosto de 2005
E-mail: rb.gro.atpsa@socinegsnartedervil

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