Qualquer semelhança com o caso brasileiro não é mera coincidência
Mais de 70 organizações da sociedade civil de seis países da América Central e do Caribe denunciaram a entrada de transgênicos em seus países através de programas de ajuda alimentar das Organizações das Nações Unidas (o World Food Program) e dos Estados Unidos (através da USAID)
Foram analisadas mais de 50 amostras do milho e da soja enviados à Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala, além de importações da Costa Rica e da República Dominicana. Mais de 80% delas confirmaram a presença de transgênicos. Em uma amostra coletada na Guatemala a presença de transgênicos passou de 70%. Os resultados foram positivos para todos os testes feitos com cargas recebidas pela Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala.
As análises identificaram a presença do milho transgênico Starlink, proibido para consumo humano no mundo inteiro segundo recomendação da agência reguladora dos Estados Unidos devido seu potencial alergênico. Mais alarmante ainda é saber que ele foi banido da cadeia alimentar há mais de quatro anos, quando sua identificação em alimentos da Kraft Foods nos Estados Unidos desencadeou um custoso processo de retirada desses produtos do mercado. Também foi identificada na ajuda alimentar da ONU a presença de uma variedade de milho produzida pela Monsanto que foi rejeitada pela União Européia.
Enviar ajuda alimentar a países como a Nicarágua, que não precisa dela, é colocar o país em posição submissa e jogar contra sua própria agricultura. Nos casos onde a produção alimentar interna é insuficiente, a necessidade de ações de cunho mais emergencial deveria ser o revés da medalha que buscaria, ao mesmo tempo, investir em medidas mais duradouras, criando condições de alavanque da produção nacional.
Corroborada pelas Nações Unidas, a ajuda tida como humanitária tem servido para resolver problemas de mercado dos EUA, escoando sua produção fortemente subsidiada e que encontra crescente dificuldade de colocação no mercado por ser praticamente toda transgênica. Essas cargas de ajuda alimentar, além de não serem rotuladas como transgênicas, vêm na forma de grãos inteiros. Uma vez entrando no país, não se tem mais muito controle sobre seu destino ou manipulação. Daí para esses grãos serem plantados é um pulo, como aconteceu, por exemplo, no Zimbábue. Depois vem a notícia de que a contaminação de lavouras (ou a ?presença adventícia de transgênicos?, no linguajar das autoridades) ?já é uma realidade?. O passo seguinte é adotar medidas para lidar com o ?fato consumado?. Ponto para as indústrias da biotecnologia. Qualquer semelhança com o caso brasileiro não é mera coincidência. O jogo é o mesmo. A diferença é que a porta de entrada aqui foi a introdução ilegal de sementes.
As organizações centro-americanas e caribenhas cobram uma interrupção imediata do envio de ajuda alimentar transgênica.
Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
Boletim Número 244
E-mail: rb.gro.atpsa@socinegsnartedervil