Novo livro: "Transgênicos: sementes da discórdia"

Apesar da central importância que o tema dos transgênicos representa para a sociedade, já que lida a um só tempo com agricultura, meio ambiente, alimentação, saúde e consumo, muitas vezes a questão é colocada de forma simplista: ser contra ou a favor. Promovida por boa parte da mídia, essa polarização mais tende a firmar pontos de vista dogmáticos do que a informar e promover um debate de conteúdo sobre o papel da ciência e das novas tecnologias na sociedade contemporânea

Ed. Senac. José Eli da Veiga (Org.) Autores: Antonio Marcio Buainain e José Maria da Silveira (Unicamp), Gabriel B. Fernandes (AS-PTA) e Ricardo Abramovay (FEA/USP).

Lançamento em São Paulo, dia 26/11, às 19:30h, no Martin Fierro (Rua Aspicuelta, 683, Vila Madalena)

(R$35,00 nas livrarias)

RESUMO Chega de manipulação (Gabriel B. Fernandes)

Apesar da central importância que o tema dos transgênicos representa para a sociedade, já que lida a um só tempo com agricultura, meio ambiente, alimentação, saúde e consumo, muitas vezes a questão é colocada de forma simplista: ser contra ou a favor. Promovida por boa parte da mídia, essa polarização mais tende a firmar pontos de vista dogmáticos do que a informar e promover um debate de conteúdo sobre o papel da ciência e das novas tecnologias na sociedade contemporânea.

Dessa forma, além de despolitizado o debate fica desigual, pois a transgenia acaba assumindo o papel de sinônimo de biotecnologia, esta o de sinônimo de ciência, e esta, por sua vez, como algo que conduz a sociedade necessariamente ao desenvolvimento. Visto assim de forma ideologizada, sobra aos críticos dos transgênicos o rótulo de serem contra tudo . Novamente, para prejuízo do debate, acaba-se por criar um certo preconceito ou mesmo suspeição contra os atores, sejam eles da sociedade civil ou da academia, que foram na verdade os responsáveis por tornar público o tema dos transgênicos.

Como será discutido neste capítulo, a promoção dos transgênicos vem sendo feita com base na negação de um conjunto crescente de evidências que questionam não só a segurança desses organismos como também sua base conceitual. Esse paradoxal bloqueio científico tem como objetivo proteger o mercado dos transgênicos que vem, com seu mote de defesa da ciência e com novos atores em cena, moldando a seu favor marcos legais e institucionais no campo da propriedade intelectual e da avaliação de risco destes organismos. O caso da liberação do milho transgênico no Brasil é apresentado para ilustrar a operacionalização desse movimento.

Por fim, discute-se o problema por ora insolúvel da corrente contaminação de sementes e lavouras de agricultores que não querem plantar transgênicos e o que isso representa para a sustentabilidade do desenvolvimento rural quando contrastado com o crescente processo de transição da agricultura com base no enfoque da agroecologia.

Información: rb.gro.atpsa@socinegsnartedervil

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