Morte de ovinos em função da toxina Bt

Prática tão antiga quanto a própria agricultura é deixar os animais pastarem os restos de cultivo. Enquanto aproveitam a palhada e outras plantas remanescentes, os animais estercam a área, recompondo sua fertilidade. No entanto, pastores de ovelhas na Índia estão colhendo sérios e preocupantes resultados após deixarem seus animais pastar os restos de algodão transgênico

Car@s Amig@s,

Um relatório preliminar sobre um levantamento realizado em quatro comunidades do distrito de Warangal, Andhra Pradesh, indicou mortalidade de 13 a 25% entre os ovinos que se alimentaram de folhas e frutos do algodão Bt. Apesar de as comunidades estarem distantes entre si cerca de 20-25 Km, os relatos dos pastores entrevistados foram bastante semelhantes. Em Ippagudem, que tem 100 propriedades, a equipe de técnicos responsável pelo levantamento reuniu 40 pastores e 10 agricultores. Eles relataram que os animais começaram a morrer cerca de uma semana após o pastejo na área de algodão Bt.

Um dos pastores disse que cultivou o algodão Bt no ano anterior e deixou seu rebanho pastar na área. Como ele perdeu alguns animais, este ano ele não deixou seus animais se alimentarem de restos de algodão Bt e suas ovelhas não morreram.

Em Valeru os depoimentos foram idênticos, inclusive descrevendo os mesmos sintomas que afetaram os animais. De um total de 2.168 ovelhas, 549 morreram (25,3%). Nesta última safra as sementes Bt foram empregadas em maior escala na comunidade, mas como o desempenho das lavouras foi ruim, os agricultores abandonaram muitos campos, o que aumentou o pasto de algodão Bt para os animais. O mercado local de carne também foi afetado com tamanha mortandade de animais.

A equipe visitou a diretora assistente do Centro de Saúde Animal do Departamento de Pecuária, que, a pedido de alguns pastores, havia examinado alguns dos animais mortos. Segundo a diretora, embora a situação indique que as mortes podem resultar do efeito da toxina Bt presente no algodão transgênico, não se pode tirar uma conclusão definitiva uma vez que os agricultores também pulverizam as lavouras com diferentes agrotóxicos. Nos 3 ou 4 animais autopsiados, ela observou manchas pretas no intestino, aumento do duto biliar, descoloração do fígado e acúmulo de líquido pericárdico.

O relatório oficial do governo ainda é aguardado pela equipe, mas já se sabe que os sintomas relatados pelos pastores apontam para uma intoxicação e não coincidem com aqueles das doenças mais típicas que atingem os rebanhos neste período.

Não há relatos na literatura científica sobre morte de ovinos em função da toxina Bt. Apesar disso, já foi demonstrado em laboratório que uma das toxinas produzidas pela bactéria Bt pode provocar diarréia e irritação intestinal em ratos. Assim, pode ser que as ovelhas alimentadas exclusivamente de restos de cultivos Bt tenham apresentado uma concentração da toxina Bt em seu intestino. No entanto, como não há estudos que simulem as condições às quais esses animais foram submetidos, somente novas pesquisas e um aprofundamento da questão poderá realmente esclarecer as causas dessas mortes.

O relatório não deixa claro o que aconteceu com os animais que se alimentaram de restos culturais de algodão não-transgênico.

Enquanto essas questões não forem esclarecidas, o mínimo que se deve esperar dos governos é o estabelecimento de uma moratória total sobre todos os cultivos transgênicos Bt.
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Fonte: http://www.gmwatch.org/archive2.asp?arcid=6494

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Após a denúncia veiculada pelo Correio Braziliense no último dia 25, o Ministério da Agricultura recuou e não renovou automaticamente de forma ilegal a licença para comercialização do hormônio transgênico para bovinos, da Monsanto. O pedido da Elanco, empresa que comercializa o produto no Brasil, deve ser analisado pela CTNBio levando em consideração as novas evidências científicas sobre o risco do hormônio.

Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
E-mail: rb.gro.atpsa@socinegsnartedervil
Número 298 - 05 de maio de 2006

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