Mali: agricultores pela não utilização de transgênicos no país
Agricultores do Mali, na África, deliberaram pela não utilização de transgênicos no país em júri popular realizado em janeiro deste ano. O evento, que durou cinco dias, foi realizado em Sikasso, região do sul do país que produz cerca de dois terços da principal fonte de renda do Mali, o algodão
A Assembléia Regional de Sikasso convidou produtores de algodão de todas as regiões do país para compor o júri e avaliar de forma aberta e democrática os riscos e os potenciais benefícios da introdução dos transgênicos na agricultura local. A iniciativa surgiu como resposta à forte pressão de multinacionais como a Syngenta e a Monsanto para a liberação das sementes transgênicas. O interesse destas empresas está no controle sobre a produção de algodão da África Ocidental, que é a terceira maior do mundo. Com as sementes patenteadas, os produtores são proibidos de replantá-las, sob risco de processos judiciais, e devem adquirir as sementes das empresas todos os anos. Representantes da Syngenta e da Monsanto recusaram todos os convites feitos para participarem do júri.
Um dos participantes enfatizou a preocupação que tem com a preservação dos laços de cooperação entre os agricultores: “Temos como costume ajudar uns aos outros. O perigo é que os transgênicos destruam esse senso de amizade e solidariedade. Se eu planto transgênicos e meu vizinho não, os problemas de contaminação tenderão a criar conflitos entre nós”, disse Birama Kone.
Os resultados do júri não trazem obrigações para o estado, mas a expectativa dos participantes é que eles influenciem as decisões sobre transgênicos no país. O projeto de lei em discussão prevê a realização de consultas públicas nacionais antes da introdução de qualquer transgênico, mesmo para pesquisa.
Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos
Número 306 - 07 de julho de 2006
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