Inseticidas e saúde infantil

Idioma Portugués
País Brasil

Site da revista Exame ambiental registra um estudo feito por cientistas do Instituto de Pesquisa em Saúde e Meio Ambiente de Rennes na França, que alerta para o risco que o uso de inseticidas domésticos representa para a saúde infantil.

Segundo a pesquisa, publicada no periódico científico “Environment International”, a exposição a estes produtos seria capaz de interferir no desenvolvimento de habilidades cognitivas nas crianças.O perigo vem de certas substâncias pertencentes ao grupo químico dos piretróides que são muito comuns em inseticidas domésticos, repelentes de insetos e em cremes e loções para matar piolhos.

Tais substâncias comportam-se como neurotoxinas em contato com o organismo humano, e também são encontradas em pesticidas usados na agricultura.

No ambiente doméstico, a exposição das crianças aos piretróides é bastante comum, devido à proximidade dos pequenos com a poeira do solo que armazena poluentes, e devido ao fato de crianças pequenas, levarem a mão na boca com frequência.

A absorção dos piretróides ocorre através do sistema digestivo. Mas essas substâncias também são absorvidas pela pele. Uma vez no organismo, elas são rapidamente metabolizadas no fígado e eliminadas na urina na forma de metabólitos, em até 48 horas.

Segundo as análises laboratoriais, o aumento nos níveis de dois resíduos metabolitos dos piretróides na urina das crianças está associada a uma diminuição significativa nos seus desempenhos cognitivos, particularmente na compreensão verbal e na memória de trabalho.

“As consequências de um déficit cognitivo em crianças para a sua capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento social constitui uma desvantagem para o indivíduo e para a sociedade“, ressaltou Jean- François Viel, um dos co-autores da pesquisa. Segundo ele, é urgente a necessidade de se identificar medidas preventivas.

Os detalhamentos destes estudos sempre materializam exaustivas descrições, que se tornam extremamente incompreensíveis para pessoas leigas ou com baixo interesse em química. Mesmo assim, é realizada rápida descrição, extremamente simplificada para obter maior acessibilidade universal.

Autismo, déficit de atenção, dislexia, paralisia cerebral e outros problemas neurológicos que afetam milhares de crianças em todo o mundo, estão associadas com estas substâncias de uso cotidiano.

É uma “epidemia silenciosa” de perturbações neurológicas infantis causadas por substâncias invisíveis e presentes em roupas, móveis e brinquedos.

As principais formas de contaminação pelo chumbo se dão pela ingestão de alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da substância.

A exposição ao chumbo na infância está associada ao desempenho escolar reduzido. Não existem níveis seguros de exposição a essa substância.

O tolueno ou metil benzeno ficou popularmente conhecido no Brasil como cola-de-sapateiro, apesar de estar presente em outros tipos de colas, como as utilizadas na marcenaria.

Ela também é usada como solvente, em pinturas, revestimentos, borrachas e resinas. A exposição materna ao tolueno tem sido associada a problemas de desenvolvimento cerebral e déficit de atenção na criança.

A exposição ao metilmercúrio, que afeta o desenvolvimento neurológico do feto, muitas vezes vem de ingestão materna de peixe que contém altos níveis de mercúrio. Segundo o estudo, a vulnerabilidade do cérebro em desenvolvimento para a toxicidade do metilmercúrio é muito maior que a do cérebro adulto.perduram por anos.

Os bifenilos policlorados ou “PCBs” tem sido rotineiramente associada à funções cognitivas reduzida na infância. Muitas vezes, estão presentes em alimentos, principalmente peixes, carnes e lácteos contaminados, e também podem ser repassadas ao bebê pelo leite materno. Ocorrem também em aparelhos elétricos velhos, onde atuam como isolantes térmicos.

O grupo de compostos conhecidos como polibromados éteres difenil (PBDE) são amplamente utilizados como retardadores de chama, para proteger móveis, tapetes e roupas.

Experimentos sugerem que os PBDEs também podem ser neurotóxicos. Estudos têm mostrado déficits de desenvolvimento neurológico em crianças com aumento da exposição pré-natal a estes compostos.

Crianças que foram expostas no pré-natal ao percloroetileno em água potável mostraram tendência para deficiências na função neurológica e risco aumentado de diagnósticos psiquiátricos.

O BPA ou bisfenol A é um composto usado na fabricação de policarbonato, que é utilizado na produção da maioria dos plásticos rígidos e transparentes, e também na produção da resina epóxi, que faz parte do revestimento interno de latas que acondicionam bebidas e alimentos.

O BPA pode enganar o corpo e induzir reações a hormônios reais. Tem sido associado a diversos tipos de câncer e problemas reprodutivos, além de obesidade, puberdade precoce e doenças cardíacas.

O Clorpirifós e o DDT são inseticidas ligados a anormalidades no desenvolvimento neurológico em crianças. São proibidos em muitas partes do mundo, mas ainda utilizados em muitos países de baixa renda.

Os fluoretos estão presentes em cremes dentais e antissépticos bucais para prevenir cáries, mas também são adicionados em inseticidas e venenos para ratos. Muitos estudos com crianças expostas a níveis elevados de flúor na água potável sugerem um decréscimo médio de capacidade intelectual em crianças.

Todos os dias, milhões de células no nosso corpo morrem, e isso é perfeitamente saudável. Estudos têm mostrado, no entanto, que químicos chamados ftalatos também podem desencadear a “sinalização da morte” em células testiculares, fazendo-as morrer mais cedo do que deveriam.

Comumente usados para dar mais flexibilidade aos plásticos. Outros estudos ligam os ftalatos a alterações hormonais, defeitos congênitos no sistema reprodutor masculino, obesidade, diabetes e irregularidades da tireóide.

O arsênico é largamente empregado em processos de fundição de metais e na conservação de madeira. Seus compostos geralmente formam um pó branco ou incolor que não tem cheiro ou sabor, o que dificulta identificação do tóxico em alimentos, na água ou na atmosfera.

Altas concentrações de manganês são associadas a hiperatividade. Cianças em idade escolar que viviam próximo a áreas de mineração e processamento de minério demonstraram diminuição da função intelectual, deficiência em habilidades motoras e redução da função olfativa.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fuente: MAB

Temas: Agrotóxicos

Comentarios