Frente Parlamentar de Agroecologia é lançada em Brasília
A política ambiental tornou-se um dos principais temas em debate no Brasil nos últimos meses, principalmente após o avanço das queimadas na Floresta Amazônica e liberações recordes de novos agrotóxicos com o incentivo do governo Jair Bolsonaro. Para propor alternativas ao agronegócio e debater a questão agrária e ambiental, a Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira, o seminário Terra e Territórios: alimentação saudável e redução de agrotóxicos. Durante o evento, entre outras atividades, houve o lançamento da Frente Parlamentar de Agroecologia e Produção Orgânica.
Uma ampla frente composta por movimentos populares e sindicais do campo, águas e florestas, trabalhadores e trabalhadoras rurais, pesquisadores, organizações não governamentais, ambientalistas, representantes de governos progressistas, lideranças partidárias e parlamentares debateram os retrocessos nas políticas públicas anteriormente em um seminário ocorrido em São Paulo, em junho deste ano.
Sua continuidade realizada na Câmara dos deputados nesta terça-feira resultou na criação de uma frente unitária em defesa da agroecologia, com a união de outras 10 frentes parlamentares. “Diferentemente da agenda do governo Bolsonaro, essa agenda que nós não queremos que dê prosseguimento nesta casa, a agenda da morte, da reforma da Previdência, do veneno no alimento, da arma no campo para matar quilombola, indígena, ambientalista, sem terra; a agenda deste seminário é a agenda da vida, de respeito aos animais, aos mananciais, a biodiversidade, de alimentação saudável na mesa de todos os brasileiros”, definiu o deputado federal Nilto Tatto (PT).
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Para a nutricionista, chef e apresentadora Bela Gil, a agenda do seminário é a de defesa de maior investimento do Estado brasileiro em políticas que universalizem o acesso à alimentação saudável. “Esse é o caminho que vamos conseguir alimentar o mundo, não só o Brasil, mas o mundo sem veneno. Cabe ao governo entender que investir na alimentação é investir na saúde da população. Tem muita gente que não consegue arcar com uma alimentação saudável porque o preço não cabe no seu orçamento. O governo precisa fazer com que o acesso à alimentação saudável chegue a todos. A agroecologia é muito importante para a população e para o planeta”, explicou a apresentadora Bela Gil.
O seminário reuniu parlamentares de legendas como PT, Psol, Rede e PSB e contou com a presença de indígenas, quilombolas, estudantes universitários e representantes de diferentes entidades. Entre elas, estão Contag, Greenpeace, WWF Brasil, Via Campesina, Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida.
Para João Paulo Rodrigues, dirigente do MST, a união desses grupos é o ponto de partida para um fortalecimento da luta política em defesa das pautas de interesse social, como a defesa da Previdência pública, o combate à reforma trabalhista, a defesa da reforma agrária e dos territórios, entre outras.
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“O agronegócio se mantém porque tem uma agenda de hegemonia muito grande, uma aliança com os grandes meios de comunicação que fez com que ele chegasse até aqui. A possibilidade de nós avançarmos é trabalhar nessa direção, para conseguir o apoio da população e ganharmos hegemonia. A derrota deles só é possível se trouxermos consumidores para o nosso lado. Será uma batalha longa, uma disputa de hegemonia das ideias, mas já temos bagagem o suficiente pra dar esse salto de qualidade”, acredita o líder.
O empresário e produtor orgânico Joe Valle lembrou da importância da aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara), proposta no PL 6.670/2016, que enfrenta obstáculos impostos pela bancada ruralista. “Converso muito com produtores e vejo todos buscando alternativas diferentes dos agrotóxicos. Se isso não é o que as pessoas querem e o mundo mudou, se estamos vivendo outro momento, pra que servem os agrotóxicos, então? Já temos um arsenal enorme para produzir alimentos de qualidade, que não intoxicam o meio ambiente. Eles fazem bem pra saúde do planeta como um todo, e não só pro indivíduo”, afirmou, defendendo o modelo de produção sustentável, pautado na agroecologia.
Fuente: Campanha permanente contra os agrotoxicos e pela vida