Famílias em vulnerabilidade social de Viçosa (MG) recebem cestas agroecológicas
Como forma de contribuir emergencialmente com a população do município de Viçosa (MG), o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata de Minas Gerais (CTA-ZM) está distribuindo neste mês mil cestas básicas agroecológicas. Foram 500 famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas com alimentos adquiridos de famílias agricultoras da região.
“É importante para mim vender, mas também é importante ter a consciência que esse produto vai chegar para as famílias que precisam e que é um produto de qualidade, produtos agroecológicos que a gente tá organizando com muito carinho. Então vai de uma família para outra família”, afirma Efigênia Tereza de Marco, agricultora do município de Acaiaca.
Desde o início da pandemia e da necessidade de distanciamento social, muitas famílias agricultoras perderam os seus principais canais de comercialização, como feiras da agricultura familiar, agroecológicas, orgânicas, comércios locais, além da oferta para a alimentação escolar.
Embora a alimentação adequada seja um direito garantido por lei para estudantes matriculados em todas as etapas da educação básica nas redes públicas, muitos municípios mineiros deixaram de executar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) devido à suspensão das aulas presenciais. Neste contexto de pandemia, segundo relatos das famílias agricultoras, as perdas da produção chegam a 50%.
Se o campo não planta, a cidade não janta
As cestas agroecológicas distribuídas têm feijão, fubá, canjiquinha, inhame, batata doce, abóbora, limão, mexerica, laranja, limão doce, banana, abacate, açúcar mascavo, farinha de mandioca, farinha de milho crioulo e barras de sabão caseiro. Além de 10 kg, para cada família, do famoso arroz agroecológico do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Tudo produzido com todo carinho pelas famílias do campo para ajudar as famílias da cidade.
Para a técnica do CTA-ZM Sinthia Oliveira, o orgulho também é duplo. Filha de agricultores do município de Espera Feliz, ela é uma das pessoas que tem buscado os alimentos das mãos das famílias agricultoras para entregar para as famílias em situação de vulnerabilidade social. “Conheço todas as dificuldades que a gente tem no meio rural porque eu falo de um lugar que eu venho. Quero muito que as pessoas consigam ver o real valor do campo, do trabalho dos agricultores e agricultoras, que árduo, mas que eles fazem com muito amor”, comenta.
Sinthia ainda afirma que entregar as cestas para as famílias é algo gratificante. “Quando a gente chega nas casas e explica que são produtos de qualidade, sem agrotóxicos, que é comida de verdade, a gente consegue ver o brilho no olhar deles. E nesse projeto a gente vê claramente essa relação campo cidade, que é algo indissociável, em que um consegue contribuir com o outro”, completa.
Alimentar bem é um direito
A alimentação adequada é um direito fundamental do ser humano, reconhecido internacionalmente pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pelo Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, essencial para a dignidade humana e indispensável à realização dos direitos sociais previstos na Constituição Federal de 1988.
O movimento agroecológico defende que a aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar é um dos caminhos mais adequados para se garantir o direito humano à alimentação adequada das famílias mais vulneráveis durante a pandemia. Além disso, a compra diretamente dos produtores contribui para a geração de renda e fortalece as economias locais, melhora a qualidade nutricional dos alimentos fornecidos e valoriza a cultura alimentar regional e das famílias do campo.
Projeto
O investimento total foi de R$ 116 mil reais, financiados pela Fundação Banco do Brasil, com a parceria de outras entidades ligadas ao Banco do Brasil.
Edição: Elis Almeida
Fuente: Em Pratos Limpos