FSM 2007: Mulheres em luta por Soberania Alimentar
"Soberania Alimentar é nosso direito ao alimento, como produzi-lo, como prepará-lo valorizando nossa cultura. Identificamos como ameaças à Soberania Alimentar as ações das transnacionais, do Banco Mundial, da OMC, e de governos coniventes"
Foro Social Mundial 2007
Nairobi, Kenya, del 20 al 25 de enero 2007
Miriam Nobre
A Marcha Mundial das Mulheres começou o quarto dia do FSM convidando as participantes a discutir e lutar por Soberania Alimentar com canções em swahili.
Em marcha, chegaram ao local da oficina que reuniu mais de 60 mulheres de vários países, em especial da África. Mulheres da Via Campesina, da Rede Mundial de Pescadores e da própria Marcha iniciaram o debate. Seguiram-se muitas intervenções, a maioria de mulheres da região dos Grandes Lagos Africanos e de bairros pobres de Nairobi, pois havia tradução em swahili.
Soberania Alimentar é nosso direito ao alimento, como produzi-lo, como prepará-lo valorizando nossa cultura.
Identificamos como ameaças à Soberania Alimentar as ações das transnacionais, do Banco Mundial, da OMC, e de governos coniventes.
Discutimos a sobrecarga de trabalho das mulheres, que são as primeiras a acordar, as últimas a dormir e trabalham a terra carregando seus filhos nas costas.
Em alguns países existem leis sobre os direitos das mulheres, mas elas não se realizam no cotidiano delas.
A privatização dos territórios e do mar, as guerras e conflitos armados foram outras ameaças discutidas.
Soberania Alimentar é o acesso das mulheres a terra, a água, sementes, biodiversidade.
Há resistências. Pudemos concretizá-la comprando simsins (doces de gengibre) feitos por Elisabeth, da MMM do Quênia e aproveitamos para protestar contra a estrutura do FSM onde a comida é cara e feita por grandes empresas.
Há alianças. Estamos construindo Nyeleni, Fórum de Soberania Alimentar em fevereiro no Mali onde organizaremos uma agenda de luta comum entre os movimentos presentes na oficina e outros.
Compartilhamos experiências, propostas de que nossas ações devem tratar de todos os aspectos da vida das mulheres: comercialização, combate à violência sexista, divisão do trabalho doméstico, entre outros, que devem ser fortes e permanentes.
Cantamos, dançamos, celebramos Nyeleni e nossas lutas.