Europa está certa em ser cuidadosa em relação aos transgênicos
"São em grande parte de fundo econômico as razões que levam a Europa, sede de empresas como Basf, Bayer e Syngenta, a rejeitar as sementes transgênicas. Quanto tempo levará até que a grande imprensa brasileira possa deixar de difundir as propagandas das multinacionais do setor e também admitir os fatos acima referidos?"
Car@s Amig@s,
Fazendo referência à decisão da Monsanto de retirar os pedidos de liberação para o cultivo de transgênicos na União Europeia, o jornal britânico Financial Times afirmou, em seu editorial publicado em 21 de julho, que a Europa está certa em ser cuidadosa com relação às plantações transgênicas.
No texto intitulado “Sementes da Dúvida”, o jornal relembra que, embora raros na Europa, os cultivos transgênicos representam cerca de 90% de todo o milho, algodão e soja plantados nos Estados Unidos, onde mostraram que as vantagens produtivas da tecnologia são transitórias. “Insetos estão desenvolvendo novas formas de vencer as defesas artificiais das lavouras transgênicas. As plantas transgênicas tornaram-se mais populares, e da mesma forma os herbicidas aos quais elas foram programadas para tolerar, o que levou à emergência de plantas invasoras também resistentes. Isso tem forçado muitos agricultores a retomar os antigos métodos para o controle do mato que eles acreditavam estar evitando quando compraram as caras sementes transgênicas”, diz o editorial.
O jornal também questiona as atuais promessas da Monsanto de controlar a resistência das plantas invasoras resistentes através das novas sementes com múltiplos transgenes. “A Monsanto costumava argumentar que era improvável que suas sementes transgênicas originais levassem ao desenvolvimento de resistência ao herbicida, até que as plantas invasoras provaram o contrário. Cientistas estão correndo o risco de entrar numa corrida armamentista contra a natureza, pela qual agricultores serão forçados a pagar sem receber nenhum benefício de longo prazo em troca”, desafia o jornal.
O Financial Times conclui o editorial dizendo que os cientistas devem ter consciência dos limites do seu conhecimento e agir com cautela, e afirma: “Ao evitar os cultivos transgênicos, a Europa está renunciando a ganhos que os EUA desfrutam desde os anos 1990. Se isso impediu danos ecológicos que poderiam comprometer permanentemente a produtividade agrícola, terá sido um pequeno preço a pagar.”
Como se vê, são em grande parte de fundo econômico as razões que levam a Europa, sede de empresas como Basf, Bayer e Syngenta, a rejeitar as sementes transgênicas – conforme temos constatado no Brasil, somente quem ganha com a difusão desta tecnologia é a empresa que domina o comércio das sementes modificadas. Quanto tempo levará até que a grande imprensa brasileira possa deixar de difundir as propagandas das multinacionais do setor e também admitir os fatos acima referidos?
Fonte: POR UM BRASIL ECOLÓGICO, LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS / Número 637 - 25 de julho de 2013