Desmatamento na Amazônia aumenta 54% em dez meses; apenas em maio, a Amazônia perdeu 649 km² de floresta nativa
De acordo com os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD*) do Imazon, no período acumulado do calendário do desmatamento, que vai de agosto do ano passado a maio deste ano, a destruição da floresta segue em alta. O desmatamento acumulado nos últimos dez meses é de 4.567 km², um aumento de 54% em relação ao período anterior.
O boletim aponta que em maio deste ano, a Amazônia perdeu 649 km² de floresta, uma redução de 19% em relação a maio de 2019. Mesmo assim, esse foi a segunda maior taxa de desmatamento registrada no mês nos últimos dez anos. Em 2019, os satélites registraram um dos índices mais altos de desmatamento em maio de toda a série histórica do monitoramento do Imazon. Portanto, apesar da redução, a derrubada da floresta ainda é preocupante.
Ranking do Desmatamento – O Pará liderou novamente o ranking dos estados responsáveis pela maior parte dos clarões na floresta no mês de maio: 40% do desmatamento foi registrado em território paraense. A lista segue com Amazonas (25%), Mato Grosso (19%), Rondônia (10%), Acre (4%) e Roraima (2%).
Entre os municípios que mais desmataram a Amazônia, Altamira, no sudeste do Pará, dispara no topo da lista com 97 km². Outros municípios como São Félix do Xingu (PA), Lábrea (AM), Apuí (AM), Novo Progresso (PA) e Porto Velho (RO) também aparecem no ranking.
Desmatamento e Covid-19 – O avanço do desmatamento ilegal continua trazendo riscos para as Terras Indígenas, principalmente por conta do perigo de contágio do novo coronavírus em aldeias. “É preciso gente para desmatar, há muita invasão de Unidades de Conservação e Terras Indígenas, e essas pessoas podem levar a Covid-19 para esses territórios, colocando em risco as populações tradicionais”, alerta o pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr.
De acordo com o SAD, a Terra Indígena mais desmatada em maio foi a TI Kayapó, no Pará. No começo deste mês, o Ministério Público Federal alertou que problemas nas obras da BR-163 colocam em risco o isolamento do povo Kayapó. No documento, o MPF alerta que as famílias precisam interromper o isolamento social nas aldeias e ir para as cidades “em busca de direitos não atendidos e meios de subsistência”, ficando, assim, mais vulneráveis para a Covid-19.
Anteriormente, o MPF e o Ministério Público do Estado do Pará já haviam enviado recomendação às autoridades de saúde indígena para que fossem garantidas ações de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus na comunidade Kayapó. De acordo com monitoramento Instituto Socioambiental, já foram registrados pelo menos 105 casos confirmados e três óbitos por Covid-19 na Terra Indígena Kayapó.
Fuente: Ecodebate