Campanha pela rotulagem nos EUA resgata promessa de Obama quando candidato

Por AS-PTA
Idioma Portugués

"Deixem as pessoas saberem quando sua comida é transgênica, porque os americanos têm o direito de saber o que estão comprando. A frase foi dita em 2007 pelo então senador e candidato à presidência dos Estados Unidos Barack Obama."

"Let folks know when their food is genetically modified, because Americans should know what they're buying."Em tradução livre, “Deixem as pessoas saberem quando sua comida é transgênica, porque os americanos têm o direito de saber o que estão comprando”. A frase foi dita em 2007 pelo então senador e candidato à presidência dos Estados Unidos Barack Obama (veja em Democracy Now).

A promessa está sendo lembrada quando um grande movimento em favor da rotulagem dos alimentos contendo ingredientes transgênicos ganha força nos EUA. Na internet, a campanha “ Just label it” reúne centenas de organizações do país e pede manifestações de apoio a uma petição encaminhada no mês passado pela ONG Center for Food Safety ao FDA (Food and Drug Administration), o órgão do governo que regulamenta os alimentos e os medicamentos, pedindo rotulagem obrigatória dos alimentos transgênicos.

A “ Right2Know March”, ou “Marcha pelo Direito de Saber”, está reunindo apoiadores de todo o país numa caminhada que saiu de Nova York em 01 de outubro e seguirá até a Casa Branca, em Washington, onde chegará em 16 de outubro (Dia Mundial da Alimentação) exigindo a rotulagem de todos os alimentos transgênicos.

Estima-se que 80% dos alimentos processados comercializados nos EUA contenham ingredientes geneticamente modificados. Embora sucessivas pesquisas de opinião tenham mostrado que a grande maioria dos estadunidenses gostaria de saber o que há em sua comida ( pesquisa realizada em 2010 pela Thomson Reuters mostrou que 93% dos americanos são a favor da rotulagem dos transgênicos), até hoje esse direito não foi assegurado naquele país.

No Brasil, decreto assinado em 2003 pelo ex-Presidente Lula obriga a rotulagem de todos os alimentos (para consumo humano ou animal) que contenham acima de 1% de ingredientes transgênicos. Mas ao contrário do que determina a regra, pouquíssimos alimentos fabricados com soja, milho e/ou canola transgênicos são rotulados no Brasil. Além disso, os poucos produtos que informam no rótulo a presença de ingredientes transgênicos o fazem de maneira insuficiente e em desacordo com o que manda o decreto: incluem o minúsculo símbolo que apresenta um T dentro de um triângulo amarelo, mas sem os dizeres que deveriam acompanhá-lo, dependendo do caso: "(nome do produto) transgênico", "contém (nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)" ou "produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico". O pequeno símbolo, sem os dizeres, não significa absolutamente nada para a grande maioria dos consumidores. Não bastasse isso, algumas empresas ainda estampam, logo abaixo do símbolo, a palavra “Aprovado”, buscando associar um caráter positivo ao misterioso “T”.

E não é só: apesar de a rotulagem não ser cumprida e dos órgãos fiscalizadores fazerem vista grossa para o caso, o próprio decreto da rotulagem vem sendo ameaçado por lideranças da bancada ruralista no Congresso Nacional, que incansavelmente tentam derrubar esta exigência legal. Atualmente tramita na Câmara um projeto de lei (PL) de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze - PP/RS (saiba mais em Pratos Limpos), e outro no Senado PL da senadora Kátia Abreu - DEM-TO (saiba mais em Pratos Limpos), ambos propondo, na prática, acabar com a rotulagem dos transgênicos.

Infelizmente, enquanto a rotulagem não é implementada nos EUA e, embora mantida em vigor, não é cumprida no Brasil, restam de fato poucos recursos para que os consumidores de lá e daqui possam saber o que estão comprando (e comendo).

Com informações de: Will Barack Obama break his GM food labelling promise? - GENET-news, 07/10/2011.

Fuente: AS-PTA

Temas: Transgénicos

Comentarios