Brasil: satélite da Embrapa vigia semente ilegal
Segundo a agência oficial de notícias do governo federal, citando o presidente da Abrasem, em nome das grandes empresas da indústria sementeira no Brasil (mas não necessariamente brasileiras), as sementes não certificadas agora são ilegais
Quem plantar sementes não certificadas, sem origem conhecida e não fiscalizadas pelo MAPA -- sejam transgênicas ou normais -- que se cuide. O satélite da Embrapa, filiada à Abrasem, já está no alto para identificar e entregá-lo.
Quem comprou as sementes do vizinho, levou do banco comunitário ou estiver plantando sementes guardadas, próprias, que se prepare também. Acusado, quem não for pirata é suspeito, e vai ter que provar sua inocência.
Por enquanto a espionagem das sementes por satélite se aplica apenas às plantações de soja.
Você quer genética boa, sem pagar um monopolista todos os anos por ela? O recado da Abrasem via a Agência Brasil é implícita porém cristalina: "Acabou!"
[A matéria evita tocar em outro assunto correlato, que é o poder das imagens de satélite da Embrapa distinguirem entre a soja com e sem os genes RR patenteadas pela Monsanto, usando a análise do espectro próximo ao infravermelho. Frente à crise fiscal que a estrangulava, a Embrapa sempre pode encontrar mais essa fonte de renda pelos serviços que presta ao setor privado.]
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Agência Brasil, 21 de Outubro de 2006 - 15h00
Embrapa ajudará na fiscalização de plantações de soja não certificada
Thiago Brandão e Raquel Mariano, Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) auxiliará o Ministério da Agricultura, com o monitoramento por satélite, na fiscalização de plantações de soja não certificada.
“O sistema de monitoramento identifica campos de soja desconhecidos e permite que equipes do ministério façam a fiscalização no local”, explicou Demerval Viana, sub-gerente de cultivo de sementes e mudas da Embrapa, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
Segundo Viana, os satélites utilizados pela Embrapa registram imagens de plantações em um raio de 180 quilômetros. Essas imagens permitem a diferenciação de mudas de soja das de outras plantas. “Elas mostram o terreno, a umidade, a cor da planta e do solo. Com isso, conseguimos saber quando as sementes foram plantadas e qual a situação das mudas”, disse. Os campos de produção serão fotografados via satélite a cada 15 dias.
De acordo com Ywao Miyamoto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), “ as sementes precisam ter origem conhecida, precisam ser fiscalizadas pelo ministério e devem ser certificadas. Se não há isso, não são consideradas semente, tratam-se apenas de grãos de soja ensacados e vendidos para plantação”.
As sementes não certificadas (ilegais), acrescentou Miyamoto em entrevista à Agência Brasil, são vendidas a um preço menor e o produtor, na maioria das vezes, as compra de boa fé. “O agricultor pensa que está saindo no lucro, mas os prejuízos são grandes. As sementes, às vezes, nem chegam a germinar. São gastos, em média, 75 quilos de grãos por hectare, com sementes ilegais. Com sementes certificadas, que são atestadas, o gasto é de 50 quilos por hectare”.
Miyamoto também explicou que as sementes certificadas têm garantia de “sanidade, pureza, beneficiamento e germinação” e recebem um atestado do Ministério da Agricultura. “No preço dessas sementes está embutido o pagamento de royalties às empresas que as desenvolveram. Uma delas, no Brasil, é a Embrapa. Novas pesquisas, que fazem avançar a produção agrícola, são financiadas por esses royalties”, disse.