Brasil: o caminho da luta: Movimento dos Sem Terra
Os movimentos sociais e os setores de esquerda precisam construir uma alternativa de luta; precisam se organizar, se mobilizar e articular as reivindicações específicas das várias categoriais de trabalhadores e as reivindicações gerais da sociedade; precisam fortalecer as alianças e as bandeiras de um novo projeto de desenvolvimento nacional
Envolvido em denúncias de corrupção pela própria base parlamentar e pela mídia, com a torcida de setores oligárquicos e neoliberais, o governo Lula vive um momento de profunda crise interna e de desgaste na sociedade.
A desarticulação da cúpula petista, somada com a falta de um projeto político claro para o País, deixa o governo entregue ao fisiologismo e ao oportunismo.
Uma alternativa para assegurar a governabilidade e estancar a perda de apoio na sociedade, seria tentar recompor as alianças com os movimentos sociais, com as forças populares e de esquerda - com os setores, enfim, que constituíram o PT e participaram da caminhada que levou Lula à Presidência da República. Para isso seria preciso abandonar o modelo econômico neoliberal, apostar num programa para as maiorias e recompor o governo com novo perfil de esquerda social e popular.
Preocupado quase que exclusivamente com a sua base de sustentação parlamentar, no Congresso Nacional, e com a viabilização da reeleição de Lula em 2006, o governo está encarando a crise com visão estreita e restrita, como se ela pudesse ser enfrentada e resolvida apenas pela entrega de cargos no governo aos partidos da base aliada. No afã de sair da crise, o presidente oferece ministérios aos setores mais fisiológicos do PMDB - sem maior respaldo no povo.
Isso significa que ao invés de se libertar das amarras que o levaram a viver a crise atual, o governo Lula tende a ficar cada vez mais refém do modelo econômico e das forças conservadoras. Ao invés de caminhar no sentido de uma aproximação maior com o povo - para a realização de um projeto de desenvolvimento nacional -, o governo tende a um distanciamento ainda maior das demandas populares.
Os movimentos sociais e os setores de esquerda precisam construir uma alternativa de luta; precisam se organizar, se mobilizar e articular as reivindicações específicas das várias categoriais de trabalhadores e as reivindicações gerais da sociedade; precisam fortalecer as alianças e as bandeiras de um novo projeto de desenvolvimento nacional, rompendo com o modelo econômico atual e com as políticas neoliberais impostas pelo capital financeiro internacional.
A crise do governo Lula, por mais danosa que seja para os trabalhadores, não representa o esgotamento final de um processo de lutas, muito menos o esquecimento das condições reais de vida no País; ela precisa ser encarada como um obstáculo - duro e difícil - a ser enfrentado e superado, inclusive para que se possa pavimentar, já e agora, um novo caminho de lutas - sem repetir os erros do passado recente.
Toda força às lutas dos trabalhadores da cidade e do campo - por uma sociedade mais justa e mais igualitária, por um Brasil livre e soberano. Em frente. Até a vitória, sempre!
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Revista Sem Terra
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Ano VII - número 31 - Julho / Agosto 2005