Brasil: atingidos por Barragens ocupam BID

Por MAB
Idioma Portugués
País Brasil

O Movimento dos Atingidos por Barragens iniciou uma mobilização na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Brasília. O BID é um dos principais financiadores da multinacional Tractebel-Suez, que construiu a Barragem de Cana Brava em Goiás

Amigos;

Essa obra, em operação há três anos, expulsou mais de 900 famílias de suas terras sem que houvesse qualquer reparação para a imensa maioria. Simultâneo a mobilização em Brasília, um grupo de famílias permanece acampada próxima a Barragem no município de Minaçú (GO).

Quatro processos de auditória social e painel de inspeção do BID foram ou estão sendo realizados em Cana Brava para averiguar a situação e todos apontaram os problemas. No entanto, nenhuma providência concreta foi tomada pelo BID para resolver a situação. A Tractebel, para fugir do constrangimento e não ter gastos com a questão social, anunciou o pagamento com antecipação do empréstimo ao BID.

Pedimos a todos os amigos e entidades, que enviem cartas para o BID e a Tractebel, manifestando posição sobre o assunto e pedindo a solução dos problemas.

Abaixo, segue um modelo de carta e os endereços para envio das mensagens.

Obrigado
Movimento dos Atingidos por Barragens

Modelo de Carta

Prezados Senhores:

Subscrevemos-lhes para manifestar o nosso repudio da ação cínica do Grupo Suez/Tractebel do seu pagamento final ao BID em respeito ao empréstimo para construção da hidrelétrica Cana Brava, Brasil como tentativa de fugir da sua irresponsabilidade para os impactos sociais e ambientais da obra.

Também, exigimos que o Banco Interamericano de Desenvolvimento, principal financiador da Cana Brava, assumir plena responsabilidade para a indenização e reassentamento de todas as famílias que perderam as suas terras e qualidade de vida como resultado da implantação da hidrelétrica.

Neste momento, 350 famílias estão acampadas dentro da área da barragem e outras 300 junto a sede do BID em Brasília. O Grupo Suez/Tractebel e o BID devem tomar todas as providências necessárias para ouvir e encaminhar as reivindicações das populações. Esperamos que o BID analise com mais seriedade futuros propostas para grandes hidrelétricas que trazem impactos irreversíveis para a população, e que o Grupo Suez/Tractebel seja desqualificado de qualquer financiamento do BID no futuro.

Sinceramente,
xxxxx

Enviar para:

Sr. Maurício Stolle Bahr, CEO, Tractebel Energia, Brasil: rb.moc.lebetcart@rhabm

Sr. Enrique Iglesias, Presidente, Banco Interamericano de Desenvolvimento: gro.bdai@ieuqirne

Sr. Robert Montgomery, Departmento do Setor Privado, Banco Interamericano de Desenvolvimento: gro.bdai@mtrebor

BID
Setor de Embaixadas Norte,
quadra 802, conjunto F, lote 39
Asa Norte - CEP 70.800-400).
Fone: (55-61) 317-4200
Fax: (55-61) 321-3112
e-mail: gro.bbai@cailec

Tractebel Engineering
7, Ariane Avenue
B-1200 Brussels
Belgium.
Fone: + 32.2.773.91.11
Fax: + 32.2.773.99.00
E-mail : moc.lebetcart@gnireenigne

Atingidos por barragens ocupam BID

Na tarde desta terça-feira (31), por volta das 15hs, mais de 300 agricultores atingidos pelas barragens de Cana Brava e Serra da Mesa ocuparam a sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento/BID, em Brasília, para que o mesmo pressione a empresa belga Tractebel Energia para o pagamento da dívida social com os atingidos pela barragem de Cana Brava. Os agricultores mobilizados em frente ao BID (localizado no Setor de Embaixadas Norte, quadra 802, conjunto F, lote 39) exigem que a instituição cobre providências imediatas da Tractebel para a indenização das famílias e para a reparação das perdas sociais, econômicas e culturais em virtude da construção da barragem.

A Tractebel é a empresa responsável por Cana Brava e o BID foi o principal financiador da obra, que há três anos já está em operação. Em virtude de pressões da sociedade civil organizada, o Banco fez algumas verificações na região para avaliar se as diretrizes de responsabilidade social haviam sido cumpridas pela Tractebel. Três relatórios já foram elaborados por comissões independentes contratadas pela instituição e todos eles constataram as arbitrariedades da Tractebel no trato e no descaso com as famílias atingidas.

Nos últimos dias a Tractebel anunciou a captação de R$ 200 milhões de reais a instituições financeiras para pagar antecipadamente o empréstimo tomado junto ao BID para a construção da obra, no norte de Goiás. Uma tentativa clara de desfazer-se dos compromissos com a população e das pressões do Banco. Os moradores consideraram esta atitude uma promiscuidade da empresa: "Essa multinacional que veio trazer a desgraça para nosso povo deverá pagar pelo que fez. Agora está querendo se livrar de se suas responsabilidades, mas nós estamos organizados para cobrar tudo o que é de nosso direito", diz Nazareth Pereira de Almeida, coordenadora do MAB, que continua: "Nós estamos aqui no BID para exigir o financiador também se responsabilize pelos danos causados, cobrando da empresa resultados imediatos a nosso favor. Há muito tempo a Tractebel lucra com esta barragem e o povo ficou a mingua", finaliza.

Estudos denunciam que em função da barragem, muito focos de dengue foram encontrados na região, assim como a contaminação pela raiva animal de mais de 1500 cabeças de gado, segunda dados da vigilância de saúde animal do município de Minaçú. Outras denúncias recaem sobre o isolamento de comunidades e a falta de acesso à sala de aula a 150 crianças no município de Cavalcante, também atingido pela barragem.

Os manifestantes estiveram mobilizados na semana passada ocupando Serra da Mesa e acampados em frente ao portão de acesso à barragem de Cana Brava. Em Serra da Mesa as negociações avançaram entre o MAB e Furnas, estatal responsável pela barragem, tanto que uma reunião está marcada para amanhã, com o intuito de avançar nas negociações da pauta de reivindicação do MAB. Já a empresa Tractebel se negou a receber o MAB e na sexta-feira pediu a integração de posse da área do acampamento. Na sexta-feira os manifestante tiveram que se retirar da área para não acirrar o confronto iniciado na quarta, o que ocasionou a prisão de uma liderança do MAB.

Comentarios