Brasil: agricultores ocupam áreas da Votorantim contra eucalipto

Idioma Portugués
País Brasil

Cerca de 500 agricultores e sem terra ocuparam na manhã desta quarta-feira (11) duas áreas da empresa Votorantim nas cidades de Erval do Sul e Piratini, no Sul do Rio Grande do Sul. Em Erval do Sul, 200 pessoas estão no local, que já conta com o monitoramento da Brigada Militar. Em Piratini, 300 agricultores ocuparam a Fazenda Santa Maria, que fica ao lado de um assentamento.

As famílias denunciam o avanço da monocultura do eucalipto e da acácia na região Sul gaúcha. Além da degradação ambiental, as monoculturas que se instalam na região vem prejudicando pequenos agricultores e assentados como ressecamento de córregos e do desequilíbrio ambiental. As famílias também denunciam a empresa Votorantim, que com promessas de emprego e de renda ao agricultor implementa na região, com ajuda de órgãos do governo do RS, o Programa Poupança Florestal, em que o agricultor e o assentado destinam boa parte de sua propriedade para o plantio de eucalipto e pínus. Para as famílias, o programa de governo deveria ser o incentivo à produção de comida (o que não acontece hoje) e não à produção de matéria-prima para exportação.

Em Porto Alegre, cerca de 1,2 mil trabalhadores rurais e urbanos realizam uma marcha até o Palácio Piratini para denuciar a política do governo do RS de corte aos serviços básicos do Estado (como saúde e educação) e não de incentivo às transnacionais, em especial às papeleiras. Os trabalhadores exigem que o governo invista em políticas que geram renda e emprego e desenvolvam a população gaúcha e não que priorize os interesses das empresas, sejam estrangeiras ou de capital estrangeiro.

JORNADA DE LUTA

A Jornada Nacional de Lutas Contra o Agronegócio e as Transnacionais protesta contra o atual modelo de desenvolvimento adotado no Brasil. Este modelo, baseado no capital estrangeiro e nas transnacionais (empresas estrangeiras), principalmente dos setores de celulose, agronegócio e energia, tem levado o povo brasileiro ao empobrecimento.

O principal malefício deste modelo está representando hoje na dita crise do alimento, que afeta todo o mundo, principalmente os países mais pobres. As transnacionais que detêm as sementes e controlam a exportação dos alimentos, juntamente com produtores do agronegócio, têm estocado a produção a fim de aumentar o preço dos alimentos no mercado internacional. No Brasil, apenas quatro transnacionais, a Cargill, ADM, Bunge e Louis Dreyfus exportam 60% do que é produzido no país. No Rio Grande do Sul, ocorre hoje a substituição da produção de alimentos por monoculturas, principalmente a de pínus e eucalipto, voltada à produção de matéria-prima
para exportação.

Como conseqüência, a comida chega muito cara ao supermercado e à mesa do povo. Pesquisa do DIEESE mostra que o brasileiro gastou 111 horas e 8 minutos (duas semanas e meia) de trabalho em Maio somente para comprar a cesta básica. Os agricultores também são duramente afetados, já que as mesmas transnacionais, juntamente com a Syngenta e a Monsanto, controlam as sementes, os adubos e os agrotóxicos. Assim, elas conseguem determinar o preço dos insumos e da produção que será vendida pelo agricultor.

O QUE OS TRABALHADORES DEFENDEM

Os trabalhadores do campo e da cidade defendem um novo modelo de desenvolvimento, baseado no enriquecimento do povo e na construção da soberania alimentar e nacional do Brasil. Para isso, os trabalhadores defendem mais investimentos à agricultura camponesa, reforma agrária ampla com investimento em infra-estrutura, produção e assistência técnica em assentamentos, redução da jornada de trabalho de 44h para 40h sem a redução do salário do trabalhador, redução da cobrança abusiva da energia elétrica à população e substituição do atual modelo energético por produção de energia alternativa, que é mais barata e menos impactante.

No RS, os manifestantes querem o fim da atual política neoliberal da governadora Yeda Crusius, que tem beneficiado somente as empresas de celulose com incentivos fiscais e o agronegócio, sem investir na agricultura camponesa e na reforma agrária. Querem o fim dos incentivos à monocultura do pínus e do eucalipto e para as empresas Aracruz, Votorantim e Stora Enso, mais investimentos nas políticas sociais e fim de políticas neoliberais adotadas como a enturmação e a não-realização de concurso público de professor e servidor para as escolas públicas gaúchas, salários baixos, sucateamento da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul); não à prorrogação dos pedágios e à criação de novas quatro praças com o Programa Dulica RS; e fim da repressão policial às manifestações dos trabalhadores.

Fuente: MST - Brasil

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