Brasil: Sem Terra ocupam mais um latifúndio no extremo sul da Bahia
Essa é a segunda ocupação realizada no município este ano, o que intensifica as denúncias contra as práticas de desmatamento, queimadas da mata atlântica e o aumento das desigualdades sociais.
Neste sábado (26), mais de 200 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra ocuparam a Fazenda Piramboia, de 500 hectares, no município de Itanhém, extremo sul da Bahia.
Essa é a segunda ocupação realizada no município este ano, o que intensifica as denúncias contra as práticas de desmatamento, queimadas da mata atlântica e o aumento das desigualdades sociais geradas pela concentração de terra na região.
Os Sem Terra afirmam que o proprietário da área, Jorge Afonso dos Santos, possui grandes latifúndios improdutivos no município, e que os trabalhadores estariam realizando ocupações em defesa da Reforma Agrária.
De acordo com a direção da Brigada Nelson Mandela, do MST, as ações fazem parte de uma jornada nacional de luta permanente contra os grandes latifúndios, principalmente para cobrar das autoridades governamentais maior agilidade nas desapropriações de terra.
“Essa é a terceira fazenda de Jorge Afonso que o MST ocupa. Duas aconteceram somente neste ano. Nossa luta é contra este modelo de estado burguês que fortalece a concentração das riquezas e não garanti direitos da classe trabalhadora”, afirma a direção.
As famílias exigem maior agilidade por parte do governo na desapropriação de terra e pauta o início do processo de vistoria da fazenda Planície, localizada em Itanhém, onde mais de 140 famílias estão acampadas.
Além disso, os Sem Terra cobram a desburocratização do processo de emissão de posse das fazendas por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA).
Os trabalhadores também reafirmaram o compromisso de permanecer mobilizados e enfatizaram que denunciarão qualquer ameaça ou tentativa de intimidação às famílias acampadas por parte do latifundiário.
Sem Terra ocupam fazenda improdutiva do ex-deputado Pedro Corrêa, em PE:
Cerca de 100 famílias Sem Terra ocuparam, na manhã deste domingo (27), a Fazenda Nova Esperança, no município de Brejo da Madre de Deus, à 200 quilômetros de Recife (PE).
A fazenda de cerca de 2 mil hectares é propriedade da família do ex-deputado do Partido Progressista (PP), Pedro Corrêa, condenado por corrupção no processo do mensalão, que cumpre pena em regime fechado desde 2013, e investigado pela Operação Lava Jato, que apura casos de desvios e corrupção na Petrobras.
De acordo Francisco Terto, da coordenação nacional do MST, os Sem Terra ocuparam a área para chamar atenção sobre a atual situação da Reforma Agrária no país.
“Pensamos essa ocupação para chamar atenção das autoridades e pressionar os órgãos responsáveis para paralisação da Reforma Agrária em todo o país. Essa é uma área emblemática, improdutiva e que pertence a uma família que sempre usou o latifúndio como forma de fazer política”, afirma.
Para Terto, é inadmissível que a família Corrêa domine a política do estado por meio da concentração de terras. Sobre as alegações por parte da família do ex-parlamentar, que atribui a ocupação às tratativas que Corrêa está fazendo para fechar um acordo de delação premiada com a Justiça no âmbito da Operação Lava Jato, Terto é taxativo.
“Essa é uma ocupação que não tem ligação com o governo federal, não existem nenhum partido por trás como acusa a família Corrêa. A área de 2 mil hectares estava abandonada e seguia sem produção. Não podemos permitir mais o acúmulo de terras por famílias que detém toda sua fortuna construída no latifúndio", destaca.
Denúncias:
O ex-deputado Pedro Corrêa recebeu um mandado de prisão pela 11ª fase da Operação Lava Jato em abril deste ano.
Na época ele estava no Centro de Ressocialização do Agreste, em Canhotinho, Agreste de Pernambuco, onde cumpria pena em regime semiaberto por condenação no processo do mensalão.
No mesmo mês, o ex-parlamentar foi transferido para a penitenciária de Curitiba, no Paraná.
Ele responde pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Nas investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras, ele teve o nome citado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, como recebedor de propina de R$ 5,3 milhões.
Em 2012 Pedro Corrêa foi condenado a 7 anos e 2 meses de prisão no processo do mensalão por ter recebido dinheiro em troca de apoio político.
Em 2001 a filha do ex-deputado, Aline Corrêa também foi indiciada por prática do delito de apropriação indébita previdenciária.
A parlamentar foi denunciada como uma das responsáveis pela administração da empresa Caminhoneiro Veículos Ltda, e ter efetuado o desconto da contribuição previdenciária dos empregados da empresa e não ter repassado ao fisco, relativamente ao período de agosto de 2000 a outubro de 2001.
Fonte e fotos: MST - Brasil