Brasil: No Mato Grosso, 89% do desmatamento é ilegal, aponta levantamento
Mais de 1,3 mil km² desmatados entre agosto de 2016 e julho de 2017, no Mato Grosso, não tiveram autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Isso significa 89% do total no estado.
É o que mostra análise do Instituto Centro de Vida (ICV): Mato Grosso segue longe de acabar com desmatamento ilegal. O estudo foi feito a partir de dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Outros 145 km² foram desmatados de forma legal.
O Mato Grosso é responsável por 20% do desmatamento florestal detectado na Amazônia. Desde 2012, é o segundo estado que mais desmata na região. Fica atrás apenas do Pará.
Em 2015, na COP21, em Paris, o governador Pedro Taques (PSDB) se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal até 2020. A meta está longe de ser alcançada, mas o resultado é um pouco melhor que os dados do ano passado, quando o desmatamento ilegal atingiu 95% do total.
A região noroeste do Mato Grosso concentra a maior parte do desmatamento. O município de Colniza, palco do massacre de nove camponeses em abril, ficou em primeiro lugar, com uma área de 174,7 km² desmatado ilegalmente (mais do que toda a área desmatada legalmente no estado). Em segundo lugar está Aripuanã, que desmatou 92 km². Em terceiro aparece Nova Maringá, com 49 km² desmatado irregularmente.
De Olho nos Ruralistas mostrou, em julho, que o principal suspeito de articular o massacre de Colniza exporta madeira para os Estados Unidos.
De acordo com os dados do ICV, o tamanho das áreas desmatadas aumentou. Mais da metade das áreas que cortaram suas florestas sem autorização são maiores que 50 hectares e parte significativa foi em áreas superiores a 100 hectares. Ainda segundo os dados, 47,5% do desmatamento foi feito em imóveis rurais privados.
O desmatamento em áreas de assentamentos da reforma agrária teve redução de 20% em relação ao ano anterior, aponta o estudo. O desmatamento ilegal em áreas de assentamentos representa 15,4% do total.
- O relatório completo pode ser lido no Infogram do instituto.
Fonte: De Olho nos Ruralistas