Brasil: Monsanto é desmentida em plena Assembleia Legislativa
Responsável por alguns dos produtos que mais ameaçam a saúde do povo e a agrobiodiversidade brasileira, a empresa Monsanto teve de responder a graves indagações feitas por representantes de movimentos sociais.
La empresa Monsanto, acabou sendo desmentida em dois pontos, pelo deputado estadual Rodrigo Novaes (PDT) e pelo representante do Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos, Pedro Albuquerque, durante audiência da Comissão de Agricultura na Assembleia Legislativa, realizada nesta terça-feira, 17.
O parlamentar questionou o fato do glifosato ter sido apresentado pela empresa como se estivesse na mesma categoria em relação ao potencial de câncer que outros produtos bastante conhecidos, como o cafezinho. Autor de projeto de lei para proibir o produto em Pernambuco, que é utilizado por mais de 50 empresas e faz parte da fórmula do RoundUp (produto mais vendido da Monsanto), Rodrigo Novaes lembrou que a classificação pela Anvisa mudou para 2A e assim o agrotóxico “não está no mesmo hall. Então é preciso que a gente tenha cuidado para fazer o debate no mais alto nível”, pediu o deputado.
A Gerente de Assuntos Corporativos da Monsanto em Petrolina, Andréa Aragon, foi forçada a admitir que tinha passado uma informação errada para a plateia, formada por agricultores/as do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), pesquisadores/as e representantes de diversas entidades da sociedade civil. “Me perdoa o equívoco”, disse ela, defendendo que não houve prioridade para a revisão da classificação do glifosato pela Anvisa nos últimos anos.
A tese defendida pela empresa foi reforçada pelo gerente de Relações Governamentais da Monsanto, Pedro Palatinik. Ele chegou, inclusive, a afirmar que a Fiocruz não entende que o glifosato seja essa ameaça toda à saúde pública. Antes dele, o representante do MST, Talles Reis, já havia lembrado que existe parecer na Anvisa que está engavetado há sete anos sugerindo o banimento do glifosato.
Representando o Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos, Pedro Albuquerque, confirmou que na última quarta-feira, 12, representantes da própria Fiocruz haviam afirmado que o parecer pedindo o banimento do agrotóxico estava nas mãos da Anvisa e teria sido uma peça feita por técnicos da Fiocruz. Com isso, ficou evidenciado que a Monsanto não conseguiu nem mesmo iniciar um processo de transparência e a empresa acabou recuando e não anunciou os investimentos que seriam feitos em Petrolina.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pombos, João de Ronda ficou muito “constrangido” com a defesa feita do glifosato pela empresa. Ele trouxe da sua cidade dois agricultores contaminados pelos produtos da empresa e pediu um posicionamento da Monsanto em relação às intoxicações. A empresa se defendeu dizendo que não poderia analisar os casos sem um detalhamento, com a situação ficando para ser resolvida pela Justiça. O projeto de lei 261-2015, que prevê o banimento do glifosato em Pernambuco, está em análise na Comissão de Justiça da Alepe.
Leia o projeto na íntegra: Aqui
Fonte: Asa Brasil