Brasil: MST inicia jornada de protestos com reunião na Fazenda

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País Brasil

Atos em 10 Estados. Pauta de reivindicações privilegiou três pontos: assentamento de 230 mil famílias acampadas pelo país; renegociação de cerca de R$ 1,5 bilhão em dívidas de pequenos produtores e atualização dos índices de produtividade

BRASÍLIA - No segundo dia de manifestações pelo país, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) arrancou uma reunião com o ministério da Fazenda, depois de ocupar a sede do Banco do Brasil, em Brasília, com cerca de 450 militantes. Uma equipe da coordenação nacional do MST esteve nesta terça-feira (23) com um assessor especial do ministro Guido Mantega para apresentar a pauta de reivindicações do movimento, que inclui mais assentamentos e renegociação de dívidas agrárias. O assessor Gilson Bittencourt sinalizou que as propostas que puderem ser atendidas, estarão contempladas no plano safra 2006/2007, que o presidente Lula deve anunciar nesta quinta-feira (25).

Até o fim da semana, o MST espera conseguir mais audiências com autoridades federais (Casa Civil e os ministérios da Justiça e do Desenvolvimento Agrário), mas decidiu começar a marcha pela Fazenda por motivos políticos e porque quase todas a pauta de reivindicações depende de dinheiro. “O Ministério da Fazenda é o mais difícil [de convencer], porque a base de sustentação política desse país é um modelo econômico muito bem representado aqui [no ministério]”, disse Marina dos Santos, da coordenação nacional do MST, depois da reunião na Fazenda.

Na conversa, os sem-terra apresentaram três reivindicações. Assentamento de 230 mil famílias acampadas pelo país, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Renegociação de cerca de R$ 1,5 bilhão em dívidas de pequenos produtores rurais e agricultores familiares. E atualização dos índices de produtividade que são considerados na classificação de terra produtiva passível de reforma agrária. “É uma pauta antiga que estamos recolocando para o governo”, afirmou Marina.

Na semana passada (16 a 18 de maio), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) também realizou uma manifestação em Brasília, o Grito da Terra Brasil 2006, na qual pedia rolagem de dívidas, entre outras propostas. Os grandes fazendeiros, sobretudo do ramo da soja, igualmente pedem refinanciamento. Se houver algum tipo de renegociação, será anunciada junto com o plano safra 2006/2007.

A reunião do MST no ministério da Fazenda foi articulada enquanto militantes sem-terra ocupavam o prédio central do Banco do Brasil, desde às 5 horas da manhã desta terça-feira (23). De lá, líderes do movimento entraram em contato com a Fazenda cobrando a audiência. Com o sinal verde do ministro Guido Mantega, o grupo de 450 militantes marchou do banco ao ministério. Segundo o MST, atos do tipo estão acontecendo em cerca de 10 estados, em meio à onda de mobilização nacional dos sem-terra.

De acordo com o MST, no Ceará, houve ocupação da sede do Incra por parte de mil sem-terra. Em Sergipe, 1,5 mil famílias bloquearam a rodovia BR-101. Em São Paulo, 250 pessoas fazem vigília na porta da Secretaria de Justiça do Estado, na capital. E, em Santa Catarina, o um contingente semelhante postou-se em frente a um prédio do Banco do Brasil na região oeste do estado. (André Barrocal – Carta Maior)

Fonte: Agência Carta Maior

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