Brasil: Eucalipto transgênico
No próximo dia 4 de setembro será realizada audiência pública para discutir a liberação comercial do eucalipto transgênico. O palco será a CTNBio, em Brasília. O interessado no assunto é a empresa Futuragene, que promete uma planta com maior produtividade. E a grande ausência será a do Ministério do Meio Ambiente, que foge do tema como diabo da cruz.
A omissão é tamanha que desde o final de 2013 o órgão não tem representante titular na CTNBio e está desde 2011 sem suplente. Ou seja, assim como acontece até agora, todas as decisões têm sido tomadas sem a posição do ministério. Além di sso, as organizações da sociedade civil estão sendo impedidas de indicar seus especialistas na área de meio ambiente, visto que o MMA deveria ter aberto consulta às entidades no início de março.
Não há plantios comerciais de eucalipto transgênico em nenhum lugar do mundo. O Forest Stewardship Council – FSC certifica boas práticas socioambientais na produção florestal, mas não aceita nos seus critérios o eucalipto geneticamente modificado.
O Brasil é o país com a segunda maior área plantada com sementes transgênicas, ficando atrás apenas dos EUA. Além disso, seguimos sendo um laboratório a céu aberto para experiências com laranja, eucalipto, feijão, cana, sorgo, vacinas e até mosquitos da dengue transgênicos.
No caso dos mosquitos, depois de divulgada a informação de que segue em situação de emergência de dengue o município baiano que recebeu os testes com o Aedes aegypti transgênico, a empresa Oxitec e seus parceiros passaram a reconhecer que ali a tecnologia reduziu a população de mosquitos, mas não gerou efeito sobre a doença. Alegam que as liberações foram pequenas e localizadas. Mas quais os potenciais riscos de liberações massivas e continuadas desses insetos modificados? Teoricamente, só machos GM deveriam ser liberados, mas a empresa reconhece que uns 3% de fêmeas (que são as que picam) transgênicas escapam. Ou seja, libera e depois vê o q ue acontece?
O custo inicial para a utilização dos insetos modificados está entre 2 milhões e 5 milhões de reais para cada 50 mil habitantes. E mais R$ 1 milhão para sua manutenção nos anos seguintes. São 30 mil mosquitos para cerca de 90 casas. “Se é isso mesmo, é insano, é forçar para dar certo”, disse um pesquisador ao Jornal de Piracicaba. O coordenador do Departamento de Vigilância Ambiental de São Jos&eacut e; do Rio Preto também reagiu com ceticismo afirmando que “a tecnologia tem que ser melhor desenvolvida”.
Na pauta da CTNBio também está a liberação comercial de sementes de soja e milho resistentes ao 2,4-D, herbicida que foi parte do agente laranja e que quando liberado no ambiente origina dioxinas (tidas como os produtos mais tóxicos já produzidos pelo homem). Os processos já foram aprovados pela subcomissão setorial de saúde e podem ir para plenária assim que estiverem disponíveis pareceres conjuntos com a setorial vegetal. Será mais um caso em que o Ministério do Meio Ambiente deixará de opinar.
Fuente: AS-PTA