Brasil: Colli aparece em evento para defender a biotecnologia

Por AS-PTA
Idioma Portugués
País Brasil

"Na última segunda-feira Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e Cremesp - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo realizaram evento para debater a “Segurança dos Alimentos: o que o mundo está discutindo a respeito de transgênicos e agrotóxicos”. Mas surpresa do evento Walter Colli, ex-presidente da CTNBio, que apareciu em evento para defender a biotecnologia".

 

Car@s Amig@s,

 

Na última segunda-feira Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e Cremesp - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo realizaram evento para debater a “Segurança dos Alimentos: o que o mundo está discutindo a respeito de transgênicos e agrotóxicos”. O auditório do Cremesp ficou lotado para assistir a conferência proferida por Dr. Michael Hansen, PhD em impactos da biotecnologia na agricultura e cientista sênior da Consumers Union, maior organização de consumidores dos Estados Unidos e do mundo.

 

Ele lembrou necessidade de uma maior regulação do setor e observou que, assim como ocorre no Brasil, nos EUA os primeiros anos de utilização de transgênicos trouxeram uma redução no uso de agrotóxicos, mas logo em seguida o caminho foi inverso. Hoje, as duas nações -- também as maiores produtoras de transgênicos -- são as que mais utilizam agrotóxicos no mundo (com o Brasil na liderança).

 

O pesquisador lembrou que, durante muitos anos, o mundo usou sem restrições o DDT, primeiro pesticida moderno. Só na década de 1960 começaram a surgir os primeiros estudos mostrando efeitos nocivos da substância, proibida nos Estados Unidos em 1972 e no Brasil em 1985.

 

A bola da vez no campo das indagações é o glifosato, princípio ativo do herbicida Roundup, aplicado nas lavouras transgênicas Roundup Ready (RR) da Monsanto. Há diversas suspeitas que recaem sobre a relação entre o produto e a saúde humana, como a reprodução indevida de células e o aumento nas taxas de abortos espontâneos e de má formação fetal.

 

Michael Hansen também apresentou uma série de pesquisas que mostram a atuação pouco criteriosa dos órgãos governamentais de regulação, que se baseiam apenas em resumos de estudos para fazer a liberação de plantio e de comercialização.

 

Mas a grande surpresa do evento foi a aparição de Walter Colli, ex-presidente da CTNBio. Colli, que presidiu até o começo deste ano o colegiado responsável pela liberação de novas variedades de transgênicos para plantio e comercialização, estava na plateia e só foi notado na fase das perguntas que sucedeu a conferência.

 

Durante a gestão de Colli foi promovida a maior parte das liberações dos 21 transgênicos hoje permitidos no mercado (quatro variedades de soja, onze de milho e seis de algodão). Ele sempre se mostrou favorável à biotecnologia e tratou de impor ritmo rápido à aprovação de novas variedades -- foram 19 nos últimos dois anos.

 

Colli dedicou suas últimas sessões à frente da CTNBio à ideia de aprovar o fim da Resolução Número 5, que visa manter o monitoramento dos transgênicos após a chegada ao mercado, tentando garantir a descoberta de eventuais efeitos que não tenham surgido durante a fase de testes.

 

Assim que teve acesso ao microfone, Colli disparou: “Tenho 71 anos. Comecei minha atividade de pesquisa científica em 1963. Portanto, faz muito tempo. E posso garantir que a maioria dos membros da CTNBio não faz um grupo de amigos porque nós nos conhecemos depois que fomos nomeados. São pessoas que são especialistas em várias áreas do conhecimento. Sou a única pessoa, por enquanto, que falou algo ao contrário dos demais. Se alguma coisa existe, precisa ser estudada. Mas muitos dos trabalhos que foram estudados pelo doutor Hansen foram, sim, lidos e contestados pela grande maioria da literatura internacional. Para cada paper desse aí, apresento cem papers contrários.”

 

Hansen bem observou que os argumentos de Colli são os mesmos da Monsanto e desafiou o ex-presidente a mostrar as contestações científicas às pesquisas por eles apresentadas. Uma delas, da Áustria, mostra que camundongos expostos a variedades transgênicas de milho apresentaram a taxa de fertilidade reduzida com o tempo. “Há quem diga que esses camundongos deveriam ter sido excluídos dos testes. Mas, se tiveram normalmente a primeira gestação e só depois passaram a ter problemas, não vejo argumento algum para excluir. Essa é uma crítica que faz a Monsanto”, declarou. Hansen acrescentou que nenhuma das críticas citadas por Colli foi publicada em revistas científicas, ao contrário dos dados apresentados por ele.

 

Letícia Rodrigues, Gerente de Toxicologia da Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, garante não ter se surpreendido com o tom usado por Colli. “Só não sabia que ele continuava, mesmo depois de ter saído da CTNBio, tão defensor da biotecnologia. Esse tipo de conduta durante a presidência dele vinha, muitas vezes, impedindo e inviabilizando a apresentação do pensamento contrário na Comissão”, afirmou.

 

Com informações de:

 

- Rede Brasil Atual, 27/04/2010.
- Cremesp, 29/04/2010.

 

Leia também a entrevista do Dr. Michael Hansen à revista Galileu.

 

Número 487 - 30 de abril de 2010

 

Fuente: AS-PTA

Temas: Transgénicos

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