Agrotóxicos: pesquisa comprova dano celular em população infantil do Paraguai
"Participaram do estudo 48 crianças potencialmente expostas a agrotóxicos e 46 crianças não expostas. Obteve-se amostras da mucosa bucal para determinar o dano no material genético através da frequência de micronúcleos."
A pesquisa foi publicada na Revista Pediatría ( Volume 37 - Número 2 de 2010), um órgão oficial da sociedade Paraguaia de Pediatria.
Participaram do estudo 48 crianças potencialmente expostas a agrotóxicos e 46 crianças não expostas. Obteve-se amostras da mucosa bucal para determinar o dano no material genético através da frequência de micronúcleos. Encontrou-se no grupo potencialmente exposto a agrotóxicos uma média maior de micronúcleos e de células binucleadas, bem como uma maior frequência de fragmentação nuclear (cariorréxis) e picnose, que são processos típicos de células necróticas.
A medição da frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico é amplamente utilizada em epidemiologia molecular e citogenética para avaliar a presença e extensão de dano cromossômico em populações humanas expostas a agentes genotóxicos ou para determinar a presença de um perfil genético suscetível. A alta confiabilidade e o baixo custo da técnica contribuiu para o êxito e a adoção deste biomarcador para estudos, in vitro e in vivo, de danos ao genoma humano.
Outras pesquisas já forneceram evidências preliminares de que a frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico constitui um marcador biológico que prediz o risco de câncer em uma população de pessoas sadias.
Neste estudo, as crianças potencialmente expostas aos agrotóxicos eram alunos saudáveis de uma escola da cidade de Ñemby, situada a 50 metros de uma fábrica de agrotóxicos da empresa Chemtec S.A.E. As crianças não expostas eram alunos também saudáveis da cidade de San Lorenzo, situada a 5,5 km da primeira escola (não se registra a presença de nenhuma outra fábrica de venenos nas proximidades de ambas as escolas). Foram consideradas crianças “potencialmente expostas a agrotóxicos” aquelas que vinham frequentando a escola de Ñemby durante 4 horas diárias, 5 dias por semana, por um período de um a seis anos.
Os resultados desta pesquisa permitem afirmar que existe uma exposição a agentes genotóxicos no primeiro grupo de crianças. Deveria ser estabelecido um acompanhamento da frequência de micronúcleos uma vez interrompida a exposição para determinar a persistência, ou não, dos indicadores biológicos de dano celular.
Leia a íntegra do artigo científico:
Daño celular en una población infantil potencialmente expuesta a pesticidas.
Benítez-Leite S, Macchi ML, Fernández V, Franco D, Ferro EA, Mojoli A, Cuevas F, Alfonso J, Sales L.
Fuente: AS-PTA