No Maranhão, cada guardião da floresta é um Paulino Guajajara
Responsáveis pela vigilância dos territórios indígenas, guardiões relatam à Pública cotidiano de ameaças e agressões provocadas por madeireiros, grileiros e traficantes invasores.
A Pública teve acesso a vídeos gravados pelos próprios guardiões que mostram a atuação dos indígenas no monitoramento dos territórios. Eles fazem rotinas periódicas – cerca de oito por ano – em suas terras munidos de caminhonetes 4×4, quadriciclos, drones, aparelhos de GPS, espingardas e arcos e flechas. Frequentemente, identificam áreas de atividade criminosa de caçadores, madeireiros e traficantes de drogas e atuam conjuntamente com o Ibama, a Polícia Federal e a Polícia Militar, guiando-os na repressão aos invasores. Em ações isoladas, os indígenas também identificam pontos onde estão invasores, marcam as coordenadas e enviam relatórios às autoridades.
Esse trabalho, que começou a ser estruturado em 2010, vem na esteira do enfraquecimento da Fundação Nacional do Índio (Funai), que representa o Estado na proteção dos indígenas, e do não cumprimento do artigo 231 da Constituição, que prevê a demarcação e proteção das terras indígenas.
Em entrevista à Pública, o governador do Maranhão, Flávio Dino, afirmou que o governo vai criar uma força-tarefa para acompanhar a segurança pública nas terras indígenas do estado – o anúncio oficial será feito, segundo ele, no próximo dia 18 de novembro. “Criamos uma força- tarefa permanente com um corpo de policiais militares, policiais civis e bombeiros com esse espírito de agir em parceria com os órgãos federais. Nós instituímos isso porque percebemos que, infelizmente, os povos indígenas estavam ficando com um encargo que ultrapassa as suas responsabilidades”, avalia.
Fuente: Agencia Pública