Brasil: Cartografia dos Ataques Contra Indígenas
A ideia de organizar em um mapa registros de assassinatos de indígenas no Brasil é visibilizar a quantidade e constância com que povos originários foram e continuam sendo massacrados. Trata-se de uma Cartografia dos Ataques Contra Indígenas (Caci). A palavra Caci significa “dor” em Guarani. É a primeira vez que as informações foram sistematizadas e georreferenciadas em uma visualização que permite olhar os casos em sua dimensão territorial.
É o primeiro passo em uma tentativa de mobilizar um grupo de atores para reunir, sistematizar e visibilizar informações sobre assassinatos de indígenas, tema que nem sempre ganha a atenção que merece. A plataforma pode e deve ser aprimorada nos próximos anos.
O projeto foi desenvolvido pela Fundação Rosa Luxemburgo, em parceria com Armazém Memória e InfoAmazonia. O georreferenciamento das informações teve como base relatórios do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) produzidos entre 1985 e 2015, e foi feito a partir da região em que os crimes aconteceram. Não é um levantamento completo. Infelizmente, o número de assassinatos no período é muito maior do que os registrados pelas duas organizações. Mas trata-se de uma base sólida que, por si só, é um registro histórico que pode servir como ponto de partida para pesquisas e análises aprofundadas.
Dossiês e análise
Além de georreferenciar e disponibilizar os dados, também foram organizados quatro dossiês com análises aprofundadas sobre casos emblemáticos. Eles combinam informações reunidas em arquivos históricos com os dados dos mapas e podem ser consultados a partir da palavra “dossiês” na aba superior. O principal talvez seja o assassinato em massa do povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul, classificado como genocídio tão grave a situação.
No último botão da aba superior dá para consultar a metodologia adotada no levantamento, saber mais sobre a equipe envolvida neste levantamento e baixar, de maneira aberta e livre, arquivos com todos os dados apresentados ou consultá-los diretamente nas suas fontes originais.
Daniel Santini, coordenador de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo
Fonte: CACI