Brasil: Manifesto da articulação estadual contra o Deserto Verde
Companheiros e companheiras: Vimos por meio deste, denunciar que as últimas décadas foram de grande descaso para com os camponeses e camponesas. Ousamos dizer que o poder do capital, dirigido pelo agronegócio exportador, expulsou milhões de trabalhadores e trabalhadoras de suas terras, inclusive indígenas e quilombolas, com a conivência de um modelo político que apóia a concentração de riquezas
Modelo este que não implementa uma reforma agrária e concede a maior parte dos subsídios (crédito, infra-estrutura...) para a grande empresa rural latifundiária, ao passo de gerar cinturões de miséria nas cidades.
Uma grande força do capital transnacional instala-se no campo brasileiro e se espalha assustadoramente com os monocultivos de pinus, acácia e especialmente do eucalipto – árvores exóticas – originando os chamados Desertos Verdes.
As conseqüências do Deserto Verde colocam em risco primeiramente o solo, acaba com a água e com a biodiversidade (o meio ambiente como um todo). Também afeta os demais direitos fundamentais dos seres humanos, tais como: alimentação, saúde, moradia, cultura, trabalho através da usurpação de terras, pela poluição das fábricas de celulose e uso de agrotóxicos, entre outros.
As empresas do ramo, aliadas a alguns cientistas, governos e grande parte da mídia, usam como principais argumentos para a defesa desse tipo de “desenvolvimento” a geração de emprego nas fábricas e no campo, bem como a importância do papel para a sociedade moderna. Queremos dizer que tais argumentos não são verdadeiros, pois apenas 2% da celulose produzida no Brasil é transformada em papel e praticamente toda a produção é voltada à exportação. Estas empresas transnacionais geram em nosso país miséria e desgraça ambiental. Por outro lado, afirmamos que há maior geração de trabalho onde há diversidade de culturas.
Destacamos que esse modelo de desenvolvimento baseado na monocultura, por ser depredador da natureza, não é mais aceito em países do primeiro mundo, por isso, tais empresas instalam-se nos países pobres.
Em oposição a esse modelo, somos a favor de atividades que respeitem as características naturais e culturais de cada região, sua biodiversidade, a agricultura camponesa, incentivando a produção agroecológica e a produção em vista do mercado interno em primeiro lugar. Defendemos a reforma agrária comprometida com a função social da terra e a reforma urbana que resgate a cidadania das pessoas que vivem nas cidades.
Diante disso, estamos propondo a Articulação Estadual contra Deserto Verde para que possamos fazer frente a essa grave ameaça que já está entre nós.
Venha juntar-se a nós!!!
18/08/2006
Nominata de Entidades que aderiram a Articulação Estadual Contra Deserto Verde
CIMI
Marcha Mundial de Mulheres
CUT/RS
NEA/UFRGS
PPGEA/UFRGS
DAIB/UFRGS
PROREX/UFRGS
DCE/UFRGS
Garra
CPERS
Via Campesina/RS
Movimento dos Trabalhadores Desempregados
ESTEF
FIAN Brasil
Cáritas/RS
Movimento Nacional de Direitos Humanos/RS - MNDH/RS
CA Direito IPA
CAMP
Profetas da Ecologia
Ecojornalistas
Terra de Direitos
CECA
CEBI
Agentes de Pastoral Negros/RS
Pastoral Operária/RS
Petgeografia/UFRGS
AGB/Porto Alegre
CETAP
AGAPAN
ATTAC/POA
Federação dos Metalúrgicos/RS
Federação dos Sapateiros/RS
Federação dos Trabalhadores em Industrias de Alimentação/RS
Forum Ecossocialista
Núcleo Ecojornalistas/RS
ONG Mira-Serra
Fuente: MMC Brasil