Venezuela: FSM debate luta pela reforma agrária
A integração dos movimentos sociais latino-americanos, a eficácia do orçamento participativo implantado no Brasil, a luta pela reforma agrária e os desafios de organização dos fóruns sociais pelo mundo foram as principais pautas do primeiro dia de debate do VI Fórum Social Mundial, capítulo Américas, que está sendo realizado em Caracas, Venezuela
No painel em que se discutiu a democracia participativa, o orçamento participativo desenvolvido pelas prefeituras governadas pelo PT (Partido dos Trabalhadores), foi criticado. Para os participantes do debate, o modelo tornou-se apenas uma política compensatória, não leva a uma transformação política efetiva do capitalismo para o socialismo.
A derrota da prefeitura petista em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, e as criticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são entendidas, por Miguel Sorams, do Movimento Socialista de Trabalhadores da Argentina, como uma resposta à não opção desses por um modelo econômico que alterasse a os rumos da economia no país. "É utópico querer mudar só com participação, quando o objetivo à vista é o socialismo", acrescentou Sorams.
A defesa do OP brasileiro foi feita por Felix Sanchez, coordenador do OP durante a gestão de Marta Suplicy, em São Paulo: "o OP permite uma mudança na cultura política das pessoas. Isso é importante até mesmo para se fazer uma mudança de modelo, pois eu também creio que a única forma de transformação é pela luta social", disse.
Cinco organizadores de diferentes edições do Fórum reuniram-se para analisar o futuro desses encontros organizados pela sociedade civil. Para o sociólogo Cândido Grzybowski, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o maior desafio do encontro é equilibrar a diversidade de organizações com propostas que sejam comuns.
A diversidade de lutas foi também tema da conferência "Os novos caminhos da integração latino-americana". Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres, disse que só a partir do instante em que todos os integrantes do movimento social entenderem a luta de cada um como legitima é que se poderá falar de um a integração verdadeira.
Em atividade organizada pela Via Campesina, no FSM, discutiu-se a Reforma Agrária como um compromisso do Estado. Mas, Rafael Alegria, coordenador internacional da Via Campesina, ressaltou que a democratização da terra não é suficiente para mudar as políticas no campo, é preciso que se abandone modelo que privilegia o agronegócio. Para Jaime Amorim, da coordenação nacional do MST no Brasil,"nunca tivemos tanto espaço para discutir a luta pela terra. Mas é preciso lembrar que não podemos ficar esperando que o governo faça a Reforma Agrária, porque ela é fruto da organização da classe trabalhadora e de muita luta social".
A Reforma Agrária continua como tema de debate hoje com uma palestra do Ministro do Desenvolvimento Agrário do Brasil, Miguel Rossetto, sobre a 2ª Conferência sobre Reforma Agrária, que será realizada entre os dias 07 e 10 de março, em Porto Alegre.