Transgênicos com baixo rendimento
Prensa
Campanha por un Brasil Livre de Transgênicos, Brasil, 9-10-02
Transgênicos com baixo rendimento
Começa a ser desmascarada a propaganda enganosa feita pelas empresas produtoras de sementes transgênicas de que estas variedades seriam mais produtivas do que as convencionais, argumento usado com sucesso para aumentar a adoção destes produtos. O Serviço de Pesquisa Econômica (ERS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), admitiu pela primeira vez em relatório oficial, divulgado em julho último, que "a maioria das vantagens econômicas básicas atribuídas a sementes de OGM (organismos geneticamente modificados) são falsas ou duvidosas". A propaganda e o marketing das empresas produtoras de sementes faz com que muitos plantadores acreditem ser o contrário. "Em diversos países diferentes estudos vêm, pouco a pouco, comprovando que não há vantagens agronômicas no uso de sementes transgênicas, pois se mostram mais caras, produzem menos e não reduzem o uso de agrotóxicos, podendo até aumentá-lo em alguns casos", destaca a engenheira agrônoma Flávia Londres, da AS-PTA  Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa e da Campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos".
 
O diretor do instituto norte-americano Food First, Peter Rosset, está em visita ao Brasil e revelou esta semana à equipe da Divisão de Apoio Técnico da Emater/RS, que a soja modificada geneticamente produz 6%  menos que a convencional nas lavouras dos Estados Unidos. Pesquisa feita pela Universidade de Nebrasca verificou ser de 5% a 10% menor o rendimento das lavouras plantadas com soja geneticamente modificada, em relação ao das cultivadas com soja convencional. Informações extra-oficiais revelam que a soja transgênica contrabandeada da Argentina e plantada no Sul do Brasil na última safra teve rendimentos inferiores à convencional, confirmando os resultados dos estudos internacionais.
 
- As indústrias que desenvolvem sementes transgênicas realizam, durante alguns anos, testes para a avaliação agronômica das culturas modificadas. Não realizam testes de segurança para o meio ambiente ou para a saúde dos consumidores. Se nem os resultados agronômicos correspondem ao que as empresas prometem, o que dizer da segurança ambiental e para a saúde que as empresas afirmam garantir?  alerta a engenheira-agrônoma da AS-PTA.
 
A Universidade de Iowa pesquisou, a partir de 1998, as lavouras de soja nos Estados Unidos e concluiu inexistirem diferenças de custos de produção (sementes, agrotóxicos, fertilizantes, operações de maquinaria, seguro e encargos sobre a terra) entre os cultivos de variedades transgênicas e convencionais. Entretanto, por causa de seus rendimentos mais altos as colheitas de não-transgênicos deram lucro para seu plantadores, ao passo que as variedades de plantas geneticamente modificadas não deram.
 
O relatório indica ser a pressão da propaganda uma das razões do crescimento do interesse pelo uso destes produtos, apesar do desapontamento em sua performance econômica. O professor Charles Hagedom, especialista de um trabalho conjunto de extensão rural da Universidade do Estado de Virgínia e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, classifica o fenômeno como "um caso clássico já descrito na literatura científica, no qual o desenvolvimento comercial e o marketing ficam acima da ciência".
A variedade do algodão transgênico Bt não elimina o uso de inseticidas como apregoam seus fabricantes. Estudos feitos com esta variedade na Austrália revelaram que nas últimas três safras o consumo destes produtos aumentou. Os insetos desenvolvem resistência à toxina inserida geneticamente na planta. Especialistas em ervas daninhas da Universidade do Tennesse relataram, em um encontro sobre Plantio Direto no início de setembro, que ervas invasoras resistentes ao glifosato (princípio ativo do herbicida Roundup) já se tornaram um problema em  cerca de 200 mil acres de soja transgênica resistente a herbicida no oeste de Tennesse. O mesmo problema está afetando 36% de toda a soja resistente a herbicida plantada no estado.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revela que 63% dos plantadores de algodão em seu país não cultivaram variedades Bt na safra do ano passado, por considerarem ser desnecessárias e antieconômicas. A Monsanto reconheceu publicamente, em matéria sobre novas patentes publicada em 17 de agosto último na revista New Scientist (Novo Cientista), as deficiências de plantas geneticamente modificadas desenvolvidas por ela em conservar ao longo dos anos a eficácia no controle de pragas, devido ao desenvolvimentos de resistência nos insetos, além de outros numerosos problemas que permanecem sob as condições de campo.
- Nem todos os agricultores que embarcaram na adoção desta tecnologia terão facilidade de abandoná-la. Nos Estados Unidos, maior produtor de transgênicos do mundo, não há mais oferta de sementes de soja não transgênica de qualidade no mercado. Mesmo sofrendo na pele os prejuízos, muitos produtores não têm outra opção senão plantar transgênicos  observa Flávia Londres, prevenindo produtores brasileiros, que poderão enfrentar problema semelhante se as variedades geneticamente modificadas forem autorizadas no País.
Relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) concluiu em 2000 haver no mundo mais do que suficiente oferta de alimentos para abastecê-lo nas próximas décadas, sem a necessidade de abastecimento com transgênicos.
Mais informações:
André Jockyman - assessor de imprensa da Campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos"
Tel: 21-2253-8317 / 21-9636-8066
mail: rb.moc.xenretla@pmacpmissa / moc.liamtoh@namykcoja / rb.moc.lou@namykcojj
Jean Marc von der Weid  Coordenador do programa de Políticas Públicas da AS-PTA  Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa e da Campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos".
21-2253-8317
Flavia Londres - Eng. agrônoma da AS-PTA  Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa e da Campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos".
21-2253-8317
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