Transgênicos: OMC pede parecer de cientistas sobre embate EUA-UE

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A Organização Mundial do Comércio (OMC) convocou hoje cientistas para darem seus pareceres sobre os efeitos dos alimentos geneticamente modificados à saúde humana

Genebra, 16 - Uma disputa entre os Estados Unidos e a Europa está sendo avaliada pela corte máxima do comércio, mas o caso está se tornando uma verdadeira guerra de informações e contra-informações. Os americanos se queixam das dificuldades para exportar para a Europa produtos com elementos transgênicos e, em 2004, lançaram um caso contra Bruxelas. Mas diante das controvérsias científicas sobre os efeitos dos produtos transgênicos, os árbitros da OMC optaram por convocar os maiores especialistas sobre o tema.

Os cientistas agora darão sua resposta à OMC. Os governos dos Estados Unidos e Europa voltarão a ser chamados para uma audiência na próxima segunda-feira em Genebra. Uma decisão final sobre a disputa deve ser anunciada no início de 2006.

O que está deixando os representantes da sociedade civil irritados é que todo o processo na OMC está ocorrendo à portas fechadas e os documentos e resultados de avaliações são mantidos em sigilo. Em Bruxelas, organizações não-governamentais (ONGs) anunciaram que estão enviando ao ombudsman na União Européia (UE) uma queixa contra a recusa do bloco de tornar transparente o acesso os documentos sobre o caso. A UE se recusou a fornecer as informações à entidade Friends of the Earth, a maior organização ambiental na Europa. Para Adrian Bebb, especialista da ONG, "o público deve ter o direito de saber o que está sendo dito sobre a segurança dos alimentos geneticamente modificados".

Segundo o ativista, a OMC é uma "organização política que dá prioridade ao livre comércio sobre temas ambientais e sociais". A organização enviou uma petição à OMC com mais de 100 mil assinaturas de indivíduos de quase 90 países, entre eles o Brasil, para que o caso deixasse de ser tratado como um tema de disputa meramente commercial. Entre as personalidades que aderiram ao pedido estava o bispo sul-africano Desmond Tutu e o ativista francês Jose Bové.

Agência Estado, Brasil, 16-2-05

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