Perú: nativos e camponeses realizam marcha para denunciar impunidade no caso Bagua
Dirigentes das rondas camponesas de Piura e Cajamarca confirmaram que estão organizando, junto às comunidades nativas, uma marcha pacífica para o próximo 22 de fevereiro em rechaço à atitude do governo de não querer identificar os responsáveis diretos do massacre de Bagua, ocorrido em 5 de junho do ano passado, em que vários indígenas foram mortos ou ficaram feridos pelas forças policiais do Estado peruano
Acrescentaram que esta manifestação, acordada na semana passada em Bagua, será em demanda ao cumprimento da plataforma expressada no grande protesto indígena de 2009, pela defesa dos recursos naturais e o direito à consulta antes de permitir que empresas transnacionais entrem em seus territórios para extrair minerais e petróleo com o aval do Estado.
Sixto Alverca, presidente da Frente de Defesa do Meio Ambiente de Carmen da Fronteira e integrante dos grupos dessa localidade localizada na serra piurana, apontou que a manifestação do próximo dia 22 será contundente. Acrescentou que marcará o ponto de partida de uma agenda de trabalho comum entre nativos e camponeses. "Tanto na selva como nos Andes o governo tem deixado que empresas transnacionais entrem sem consultar, somos povos inconsultados e juntos devemos reclamar, mas, ademais, esta situação de abuso está permitindo abrir um diálogo entre nativos e campesinos para apresentar propostas em defesa da vida e de respeito a nosso direito à consulta prévia", disse.
Agregou em diálogo a este jornal: "O atropelo é similar na selva, onde o governo utilizou a Polícia para reprimir uma demanda justa contra decretos legislativos que permitem a entrada de empresas petroleiras. Aqui na serra piurana torturam os campesinos e faz poucos dias que policiais mataram dois rondeiros indefesos e deixaram três feridos pelo único feito de se oporem ao projeto mineiro Río Blanco, que contamina nossas terras e a água. Devemos estar unidos,andinos e amazônicos, estamos no mesmo processo de luta".
Por sua vez, Angelo Cruz, da comunidade de Cajas-Canchaque, disse que as rondas campesinas marcharão pelas principais ruas e se concentrarão ante os governos das capitais de províncias para manifestar seu rechaço ao relatório governamental sobre o "baguazo".
A notícia é de Prensa Digital www.conacami.org