Ongs criticam rotulagem de transgênicos defendida por Brasil
Organizações não-governamentais e entidades de defesa do consumidor criticaram nesta sexta-feira (3) a posição do Brasil durante a reunião do Protocolo de Cartagena de Biossegurança para Convenção de Biodiversidade Biológica, realizada em Montreal, no Canadá
A reunião tinha como objetivo discutir, entre outros assuntos, as regras para identificação de produtos transgênicos em processos de importação e exportação.
Durante as discussões, o Brasil se alinhou à Argentina, Canadá e Nova Zelândia e defendeu uma rotulagem mais genérica para transgênicos enquanto países europeus, da Ásia e da África defenderam uma rotulagem mais detalhada, com especificação exata dos tipos de transgênicos exportados.
Até o início da reunião no Canadá, o Brasil não tinha posição formada sobre o assunto, mas acabou optando pela disposição que já existe no texto do protocolo. O artigo 18.2 prevê que os produtos destinados à exportação devem ser rotulados com os dizeres "pode conter transgênicos". Europeus, asiáticos e africanos - e também ambientalistas - defendem a mudança para "contém transgênicos", seguida da especificação de cada alteração genética dos produtos.
"A identificação detalhada permite a rápida identificação do produto em caso de problemas além de alertar cada país sobre o que estão comprando", diz Gabriel Bianconi, assessor técnico da AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, ONG que, junto do Idec - Instituto de Defesa do Consumidor, acompanhou a reunião em Montreal.
As duas entidades defendem a discriminação detalhada. "A posição brasileira foi uma surpresa", acrescenta ele. A delegação brasileira disse que a posição tem como objetivo "não criar dificuldades para o comércio de produtos da moderna biotecnologia". A disputa ainda não está totalmente encerrada. A assunto deve voltar a ser discutido no ano que vêm em nova reunião do protocolo, prevista para acontecer no Brasil. (Daniel Hessel Teich/Estadão Online)