Leonardo Boff pede uma ''nova ética'' para lutar contra a injustiça social
O teólogo brasileiro Leonardo Boff, presidente honorário do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, disse nesta sexta-feira que o G-20 comete um "imenso equívoco", porque se reúne para discutir "como salvar o sistema" econômico, quando, em sua opinião, o importante é "como salvar a Humanidade"
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada no sítio Religión Digital, 13-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Boff, que apresentou em Alicante, na Espanha, a iniciativa internacional da Carta da Terra e os projetos do centro que preside, explicou em uma coletiva de imprensa que "os países ricos" se reúnem para que o sistema "continue com a mesma lógica", em vez de se perguntarem "como salvar as condições de reprodução da terra como superorganismo vivo".
O teólogo, que também é professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Rio de Janeiro, defendeu "uma nova ética" e "novos hábitos" para lutar contra a "injustiça social" e a "injustiça ecológica", que ocorrem em um contexto de "crise global".
"Assim como estamos não podemos continuar", sentenciou Boff, que considerou que a Humanidade está diante de uma "grande crise que liberta a essência de um projeto civilizatório para uma forma nova de moldar a realidade".
Por isso, animou que se produza "para atender a demanda dos humanos, mas com limites e buscando a equidade", já que "não se pode consumir como consumíamos", mas sim "consumir para que os demais sobrevivam".
Por isso, Boff trata de divulgar a declaração internacional da Carta da Terra, que se baseia na promoção de princípios, propostas e aspirações para uma "sociedade mundial sustentável, solidária, justa e pacífica no século XXI".
De sua parte, o teólogo, que foi condenado em 1985 pelo Vaticano a um "silêncio obsequioso" por defender suas teses ligadas à Teologia da Libertação, opinou que a Igreja católica "não está à altura da urgência do problema da crise ecológica".
A seu ver, "a perspectiva do atual Papa Bento XVI não é tanto se ocupar dos temas do mundo para fora, mas sim de se ocupar dos assuntos internos da Igreja, porque é uma Igreja que busca uma forte identidade, ao preço de renunciar a um diálogo com as culturas", acrescentou.
No entanto, Boff, que assegurou que não abandonou a Teologia, sustentou que, no mundo, há "um retorno à dimensão esotérica", pois existe uma "busca de bens espirituais" que deem ao ser humano um "sentido à sua existência".