Desmatamento na Amazônia neste ano já supera o de 2010
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados nesta terça-feira mostram que o acumulado do ano até agora já foi 6% maior que o do ano passado inteiro
O desmatamento na Amazônia reverteu sua tendência de queda em 2011.
A reportagem é de Cláudio Angelo e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 03-07-2011.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados nesta terça-feira mostram que o acumulado do ano até agora já foi 6% maior que o do ano passado inteiro.
Foram 2.429 km2 de agosto de 2010 a junho deste ano (11 meses), contra 2.295 km2 de agosto de 2009 a julho do ano passado (12 meses).
Ou seja, mesmo que em julho não caia uma só árvore na Amazônia, 2011 já terá batido 2010. Mas a possibilidade de desmatamento zero é remota, já que o mês de seca costuma ter mais devastação.
Em junho, os dados do sistema Deter indicaram um desmatamento de 312,69 km2. É um aumento de 28% em relação ao mesmo mês de 2010.
O ano passado registrou o menor desmate desde que o Inpe começou a série com satélites, em 1988: foram 6.451 km2 medidos pelo Prodes, sistema que dá a taxa oficial.
O Deter é mais rápido que o Prodes, mas, como não detecta pequenas áreas desmatadas, o governo evita usá-lo para cálculo de área. No entanto, o Deter permite estimar a tendência da devastação.
A série de dados do Deter indica que a reversão da tendência de queda do desmatamento começou em março.
Em abril, quando o debate sobre o Código Florestal começou a pegar fogo no Congresso, a devastação medida pelo Deter cresceu 835%.
Segundo o governo, expectativas do setor produtivo em relação à anistia a desmatadores, somadas ao mercado de commodities agrícolas aquecido e a uma lei de zoneamento complacente em Mato Grosso, foram os culpados.
Mas ações do próprio governo também estão se mostrando corresponsáveis pelo aumento no desmate. Entre os municípios mais desmatados em junho estão Porto Velho (RO) e Altamira (PA), o que pode refletir impactos de novas hidrelétricas na região.
O diretor de Políticas de Combate ao Desmatamento do ministério, Mauro Pires, reconhece a reversão, mas diz que as ações de fiscalização do governo no Pará e em Mato Grosso após o pico de desmatamento de abril estão surtindo efeito.