Demanda mundial por soja e alumínio ameaça Amazônia
Com os estoques da safra 2004/05 de soja nos Estados Unidos caindo para 7,9 milhões de toneladas, diante de 80,8 milhões de toneladas previstas para consumo com um crescimento de demanda na China, anunciados pela imprensa, o significado é uma elevação de preços com consequente elevação da pressão de devastação na Amazônia - que deve manter o patamar recorde de 26 mil quilômetros quadrados no período entre agosto de 2004 e agosto de 2005
Não há dúvida sobre o papel da soja na destruição da maior floresta tropical do mundo. Essa é a análise de jornalistas como Marcos Sá Correa, do site O Eco, e de estudos de instituições como o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS).
A essa pressão internacional e brasileira da economia soma-se o bilionário negócio da mineração, principalmente de bauxita para produção de alumínio. Como usa intensamente energia elétrica, são as mesmas empresas presentes nas obras que expulsam comunidades tradicionais, locais e indígenas de seus lugares - como o pólo siderúrgico de São Luís, a barragem de Estreito, o projeto da barragem de Belo Monte, a planta de mineração de Juruti.
Sobre todos esses grandes interesses, megaprojetos hoje inseridos em um planejamento chamado Iniciativa de Integração da Infraestrutura Sul Americana (IIRSA).
Entende-se a irritação de investidores com as exigências de participação dos movimentos sociais e ambientais nas decisões, nos financiamentos, nos alertas e na defesa de direitos comunitários e do ecossistema como um todo.
As estradas estão sendo asfaltadas entre Itacoatiara, porto de propriedade do grupo do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, e Santarém, porto de propriedade do grupo multinacional Cargill. As reservas florestais de assentamentos na região de Carajás estão sendo compradas para carvão vegetal. E assim por diante, a lógica econômica da destruição amazônica segue os ditames do mercado global.
Com o dinheiro desse mercado nas mãos, os devastadores das fronteiras da floresta não dependem de decisões governamentais para agirem.
Essas preocupações são tratadas como um complô contra o desenvolvimento do país pelos chefes de operações ilegais ou mesmo cotidianas, com exceção de lugares onde alternativas e possibilidades da própria floresta abriram iniciativas conjuntas pelo desenvolvimento sustentável.
Mas são vozes esparsas. O eco dos rumos do mercado global invadem os espaços dos pássaros, rios, extrativistas e ventanias: "soja... alumínio... progresso..."