Culturas tradicionais com elevada contaminação por transgénicos em Espanha

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A generalização do cultivo de plantas geneticamente modificadas (OGM) em Espanha está a provocar uma contaminação elevada das culturas não transgénicas

De acordo com o relatório «Coexistência Impossível», publicado hoje pela Greenpeace, no arranque da conferência da Comissão Europeia sobre coexistência entre culturas, foi detectada a presença indesejada de milho transgénico em quase um quarto de todas as situações estudadas. Em alguns casos essa contaminação atingiu os 12,6 por cento.

O relatório baseou-se em investigação pormenorizada, incluindo testes laboratoriais de amostras recolhidas nos campos de milho de 40 produtores biológicos e convencionais de Aragão e da Catalunha. Os resultados indicam que, em vários casos, a contaminação causou prejuízo económico, visto que a produção contaminada não pode ser vendida como biológica e está sujeita a rotulagem. A Greenpeace refere que a contaminação implica a perca destas sementes, sendo uma ameaça à pouca biodiversidade agrícola que ainda resta.

Para a Plataforma Transgénicos Fora do Prato, estes níveis de contaminação «colocam em risco tanto os agricultores convencionais como os biológicos, para além de pôr em causa o direito à escolha dos consumidores».

Margarida Silva, coordenadora da plataforma e vice-presidente da Quercus, sublinha que «Espanha é o único país europeu a cultivar transgénicos em larga escala e a poluição genética que se instalou é uma antecipação do que está para acontecer em Portugal, caso os OGM ganhem dimensão no nosso País».

Em 2005, a Comissão Europeia autorizou o cultivo de 31 variedades de milho transgénico em toda a União Europeia. Em Portugal cultivaram-se cerca de 760 hectares (ha), enquanto em Espanha o cultivo aproxima-se dos 100 mil ha. Portugal é o maior importador de milho espanhol (66 mil toneladas em 2005, seguindo-se o Reino Unido com 15 mil toneladas).

Ambiente Online, Internet, 4-4-06

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