Colômbia fumiga parques ecológicos

Idioma Portugués
País Colombia

A Colômbia estuda a possibilidade de pulverizar plantações de coca com veneno em seus parques nacionais, apesar da oposição de ambientalistas, e advertiu que não permitirá que santuários se transformem em redutos do tráfico

O anúncio foi feito pelo ministro do Interior e da Justiça, Sabas Pretelt, na divulgação de um estudo da UNDCP, agência da ONU contra as drogas, segundo o qual o cultivo no país caiu 7% em 2004, para 80 mil hectares, em relação a 2003. Segundo o documento, desse total, 54 mil hectares estavam, no fim de 2004, em 13 dos 51 parques nacionais, protegidos por guerrilheiros de esquerda e paramilitares de direita. As reservas somam 10,4 milhões de hectares.

A Colômbia, considerada a maior produtora de cocaína do mundo, com 390 toneladas/ano, mantém uma campanha agressiva de pulverização de plantações de folha de coca com o herbicida glifosato.

Grupos ambientalistas colombianos e principalmente equatorianos denunciam, porém, que o herbicida está sendo usado em concentrações acima das recomendadas pelo fabricante, combinado com dispersantes que aumentariam seu potencial tóxico. Estudos realizados na fronteira entre os dois países detectaram a destruição das lavouras e a contaminação da cadeia alimentar da população local. Recentemente, Bogotá se recusou a suspender a fumigação em uma faixa de 10 km no limite entre os dois países.

O pedido havia sido encaminhado pelo presidente do Equador, Alfredo Palacios, ao colega, Alvaro Uribe. Palacios, que é médico e um ferrenho adversário do programa, substituiu Lucio Gutiérrez, ex-aliado de Uribe e dos EUA, deposto em maio. A pulverização, apoiada militar e financeiramente pelos EUA sob o chamado Plano Colômbia, permitiu uma redução significativa das plantações de coca, que em 2000 cobriam 163 mil hectares.

''O cultivo diminuiu pelo quarto ano seguido, 51% em comparação a 2000. A diminuição de 6 mil hectares entre 2003 e 2004 deve-se principalmente à contínua pulverização aérea, que alcançou o recorde de 136 mil hectares no ano passado'', afirmou a ONU. Nos parques, o governo da Colômbia vinha fazendo a erradicação manual, mas as áreas vêm sendo crescentemente utilizadas por guerrilheiros e paramilitares para o cultivo.

Pretelt lembrou que o estudo da Cicad - Comissão Interamericana para o Controle do Abuso das Drogas, divulgado em abril em encontro da OEA - Organização dos Estados Americanos, garantiu que a fumigação com o glifosato não afeta a saúde humana nem o ambiente. Os casos de envenenamento, afirmou o relatório, estariam relacionados a substâncias usadas no refino da coca, como acetona e cimento.

Estudos feitos por universidades na própria Colômbia, no entanto, questionam os resultados oficiais apresentados. Também afirmam que os cientistas consultados pelo governo para atestar o caráter inofensivo do agente seriam, na verdade, profissionais ligados ao corpo de pesquisadores da multinacional que fabrica o herbicida.

A guerrilha e os paramilitares utilizam o narcotráfico para financiar seus exércitos ilegais, que mantêm um conflito de mais de 40 anos no país.

Ambiente Brasil, Internet, 15-6-05

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