Colapso climático da civilização
Um esforço similar àquele empregado na missão Apollo que levou o homem à Lua é necessário se a Humanidade quiser ter uma chance real de lutar contra o aquecimento global e sobreviver à devastação das mudanças climáticas. O esforço precisa ser dessa monta porque, sem crescimento sustentável, “bilhões de pessoas serão condenadas à pobreza e muito da civilização entrará em colapso”
Três bilhões sem água em 2025, diz relatório da Unesco, do Exército dos EUA e do Bird.
A reportagem é de Jonathan Owen, publicada pelo jornal Independent e reproduzida pelo jornal O Globo, 14-07-2009.
Esta é a principal mensagem de alerta do maior relatório individual já feito sobre o futuro do planeta.
Apoiado por uma vasta gama de instituições como a Unesco, o Banco Mundial (Bird), o Exército dos Estados Unidos a Fundação Rockefeller, o “State of the future 2009” é um relatório de 6.700 páginas que contou com a contribuição de 2.700 especialistas em todo o planeta. Suas descobertas foram descritas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, “como valiosas visões do futuro para as Nações Unidas, seus membros e a sociedade civil”.
O impacto da recessão global é um tema chave do documento.
Os pesquisadores alertam para o fato de que a busca global por energias limpas, a disponibilidade de alimentos, a pobreza e o crescimento da democracia ao redor do globo estão em risco “por causa da recessão”. E o relatório vai além: “Decisões excessivamente ambiciosas e desonestas levaram o mundo à recessão e demonstra ram a interdependência internacional de economia e ética.” Metade da população mundial deverá enfrentar violência e instabilidade social devido ao aumento do desemprego combinado à escassez de água, comida e energia, além dos efeitos cumulativos das mudanças climáticas.
O documento lista questões emergentes de segurança ambiental.
“O escopo e a escala dos efeitos futuros das mudanças climáticas — de alterações nos padrões climáticos à perda de rebanhos e ao desaparecimento de estados — têm implicações sem precedentes para a estabilidade social e política.” Mas os autores sugerem que as ameaças podem também oferecer potencial para um futuro positivo para todos. “A boa notícia é que a crise financeira global e as mudanças climáticas podem ajudar a Humanidade a sair de sua tradicional posição adolescente — egoísta e autocentrada — para uma adulta — mais responsável. Muitos vêem o atual desastre econômico como uma oportunidade para investir em novas gerações de tecnologias verdes, repensar a economia e nossas premissas sobre o desenvolvimento e colocar o mundo num caminho para um futuro melhor.” Os problemas mais imediatos a serem enfrentados são a elevação dos preços de alimentos e energia, a escassez de água e o aumento das migrações “ em razão das condições econômicas , ambientais e políticas”, que podem levar parte da população mundialà instabilidade social e violência.
O crime organizado tende a aumentar.
E os efeitos as mu danças climáticas vão piorar. Por volta de 2025, três bilhões de pessoas não teriam acesso à água. A urbanização maciça, a redução dos habitats animais e a concentração de rebanhos pode levar ao surgimento de novas pandemias.
O documento pede aos governos um esforço concentrado ao longo dos próximos dez anos para combater às crescentes ameaças à sobrevivência do homem.
“Não é importante apenas para o meio ambiente; é uma estratégia para ampliar as chances de paz internacional.
Sem algum acordo, será difícil alcançar o tipo de coerência global necessária para enfrentar as mudanças climáticas de forma corajosa”.
Embora os efeitos das mudanças climáticas não tenham precedentes, as causas sejam bastante conhecidas e as consequências amplamente previsíveis, “a coordenação requerida para uma ação eficaz e adequada ainda é incipiente, e os problemas ambientais pioram mais rápido do que respostas e políticas preventivas são adotadas”.
Jerome Glenn, diretor do Projeto Milênio e um dos autores do documento, afirmou:
— Existem respostas aos nossos desafios globais, mas as decisões ainda não estão sendo tomadas na escala necessária para combatê-los. Três grandes transições precisam ser feitas: o uso de água salobra na agricultura, a produção de carne de forma mais saudável, e o aumento do uso de carros elétricos em relação aos movidos a gasolina