Brasil: sobreviventes protestam em Eldorado dos Carajás
Em Eldorado dos Carajás (PA), cinco mil manifestantes se reuniram nesta manhã para lembrar as vítimas do Massacre e protestar contra a impunidade
Na curva do S da rodovia PA-150, local da chacina, as famílias dos acampamentos Lourival Santana e 26 de Março e dos assentamentos 17 de abril, 1º de Março, Palmares, Canudos e Cabanos participaram do ato ecumênico celebrado por padres e pastores da região, com a participação de Dom Tomás Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra.
As famílias dos assentamentos Chico Mendes I e II, de Tucuruí, no Pará, e de assentamentos do Maranhão e de Tocantins também estão presentes. A rodovia está parcialmente bloqueada pela multidão desde as 10h00.
À tarde estão programadas ações culturais promovidas pelos próprios assentados, organizados no Acampamento Pedagógico de Jovens do MST, que desde 1º de abril vem discutindo educação e Reforma Agrária no local. Às 16h00 terá início um ato público contra a impunidade com contribuições de entidades como o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), da CPT, de diversas Pastorais Sociais e movimentos de direitos humanos de todo o país. João Pedro Stédile, integrante da Direção Nacional do MST, Flávio Valente, relator nacional para os Direitos Humanos à Alimentação Adequada, à Água e Terra Rural da Plataforma DHESCA-Brasil , Socorro Gomes, deputada estadual (PCdoB-PA) e Bernadete Tencaten, a ex-superintendente do Incra e dirigente do PT, também participam da mobilização.
Para Flavio Valente, “é inaceitável que os responsáveis pelo Massacre de Eldorado dos Carajás, inclusive seus mandantes, continuem impunes após dez anos do acontecimento. O Massacre merece ser relembrado sempre, não para que nos consternemos com a queda de nossos companheiros e companheiras, mas para que sua luta inspire e revigore a nossa ação transformadora cotidiana – inclusive de nós mesmos”.
Às 17h30, mesma hora em que ocorreu o massacre dez anos atrás, o tráfego na rodovia será totalmente interrompido pelos manifestantes. São esperadas oito mil pessoas no protesto.
Ás margens da rodovia, testemunhas e vítimas da chacina organizaram uma exposição do fotógrafo Sebastião Salgado e planejam reinaugurar o Monumento das Castanheiras, criado por Emanuela Souza e do artista plástico Dan Baron com a colaboração das famílias do assentamento 17 de abril.