Brasil: sem Terra fazem ocupação para denunciar destruição dos mangues no CE
Cerca de 150 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) permanecem acampadas na fazenda de criação de camarão no município de Itapipoca, região litorânea do estado do Ceará
A ocupação da propriedade aconteceu no último dia 22 e tem como objetivos denunciar a destruição ambiental, o avanço de empresas do agronegócio nos manguezais e pressionar o governo sobre a lentidão da reforma agrária no estado. É o que explica Marcelo Matos, da coordenação estadual do MST.
“Eram para ser assentadas 2000 mil famílias no estado, conforme o Plano de Reforma Agrária Estadual de 2006, mas só foram assentadas 206. O Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] diz que assentou 850, mas assentar onde já existe assentamento não é processo de reforma agrária. Aqui no Ceará tem 1700 famílias acampadas. Para nós aqui no estado vai ser um ano vermelho, de muita luta, ocupações de terras, mobilizações e marchas. Faremos várias ações.”
Além da luta por reforma agrária, o MST denuncia a destruição dos manguezais no Ceará com o avanço da criação de camarões na Região Nordeste do país. De acordo com informações da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), existem no Brasil aproximadamente 1000 fazendas criam a espécie e freqüentemente são denunciadas por ambientalistas. Luciana Queiros, da Organização Não-Governamental Instituto Terramar, afirma que as fazendas desrespeitam as leis.
“Em área de preservação permanente não podem ser construídos viveiros de camarão. Está na lei, mas não é isso que estamos identificando. Um diagnóstico feito pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] identificou que 75% das fazendas do Ceará são construídas em áreas de preservação permanente, desrespeitando as leis do estado.”