Brasil: produtores paranaenses rejeitam soja transgênica
Produtor rural e presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Pilatti Rosas descartou a hipótese de cultivar soja transgênica, explicando que não tem problemas com ervas invasoras em sua produção e que a remuneração da soja transgênica não é favorável ao produtor
“Ainda não estou vendo o custo benefício, não ganho nada para plantar transgênico. Ao contrário, tenho tido notícias de deságio na hora de vender o produto. O mercado ainda não está muito claro”, afirmou.
Pilatti Rosas está aconselhando cautela para os produtores na hora de optar pela soja transgênica. “Este ano está sendo muito difícil. O agricultor já vai plantar no limite dos recursos e não pode correr riscos. Aconselho aos produtores que pensem e reflitam se esse é o momento adequado para se arriscar”, advertiu.
Batavo - Também a Cooperativa Batavo segue a mesma linha de raciocínio para esta safra. O gerente Antônio Carlos Campos destaca que a orientação aos cooperados é de que nesta safra ainda não se plante soja transgênica. “A Batavo tem um trabalho de rastreabilidade já com oito anos, garantindo o não plantio de soja transgênica e com isso tem agregado valor ao seu produto”, declarou.
Segundo Carlos Campos, outro argumento contrário à soja transgênica está no potencial produtivo das variedades de soja convencional adaptadas para os Campos Gerais. “Os materiais transgênicos para a região ainda não são tão produtivos como os convencionais”, explicou. Agravando ainda este resultado para ele, o principal problema está no custo dos royalties. “Com produtividade menor, o custo adicional de R$ 56 por hectare, acaba ficando pesado”. A cooperativa realizou testes comparando produtividade e custos de produção da soja transgênica e da convencional. A convencional ganha em 180 quilos por hectare, o que hoje representa R$ 105 de margem positiva para a convencional.
Royalties - Na semana passada, a Monsanto, detentora da tecnologia da soja transgênica, divulgou informações sobre os royalties que serão cobrados sobre as sementes. O valor dos royalties para as sementes certificadas para a safra 2005/2006 será de R$ 35,20 por saca de 40 quilos de sementes (R$ 0,88/kg de semente). Isso equivale, em média, a R$ 56 por hectare plantado.
Os produtores estão confirmando que a produtividade da soja transgênica é inferior a da soja convencional. Com o custo dos royalties e colhendo menos por hectare, a opção por soja transgênica acabará acarretando prejuízos elevados para os produtores. Outro fator de receio é que não há limite para a cobrança de royalties, que poderão ser reajustados progressivamente pela Monsanto.