Brasil: porto rejeita cargas com transgênicos

Por CIB
Idioma Portugués
País Brasil

O porto de Paranaguá rejeitou, na última sexta-feira, 28 caminhões de soja destinada à exportação

As carretas portavam laudo que certificava que a carga era composta por grãos convencionais, mas exames realizados pela empresa pública de classificação Claspar encontraram traços de transgenia. O governo do estado proíbe o embarque de transgênicos no terminal.

De acordo com a Administração dos Portos de Antonina e Paranaguá (Appa), a carga barrada pertence à empresa Adubos Viana, que no mês passado teve outros 101 caminhões impedidos de embarcar por conterem grãos geneticamente modificados - carregamento que também possuía laudos garantindo que a soja transportada era convencional. Os laudos dos caminhões recusados na primeira vez foram emitidos pela certificadora SGS do Brasil, que tem sede em Paranaguá.

O carregamento barrado na sexta-feira, por sua vez, recebeu certificação de outra empresa, a Wakefield Inspection Services do Brasil, também sediada na cidade portuária. Em nota, o superintendente da Appa, Eduardo Requião, afirma que existe "uma clara intenção de burlar as normas instituídas pelo governo do estado do Paraná, que proíbe o embarque de soja transgênica para exportação". E promete agir com mais rigor a partir de agora, passando a reter os caminhões que até então eram apenas obrigados a retornar ao local de origem.

Para a Appa, a Adubos Viana estaria utilizando um mesmo laudo - que certifica que a soja é convencional - várias vezes para diferentes cargas, o que configuraria "falsificação documental".

O gerente comercial da Wakefield, Luiz Alfredo das Neves, nega a acusação. "Não houve má-fé, nem por parte da Wakefield nem por parte da Adubos Viana", diz. Segundo ele, o fato de a Wakefield ter classificado como convencionais cargas de soja transgênica seria conseqüência de dificuldades técnicas comuns a esse tipo de procedimento, uma vez que as análises são feitas a partir de amostras. Os 28 caminhões recusados na sexta-feira pertenciam a um lote maior, de 38 carretas.

"A primeira análise da Claspar mostrou que todos os 38 caminhões tinham soja transgênica", diz Neves. "Mas uma segunda análise, feita a partir de novas amostras, constatou que 10 deles tinham apenas soja convencional." Para ele, isso comprovaria que mesmo a Claspar encontra dificuldades nas análises.

Neves informa que, desde 20 de junho, a Wakefield possui uma equipe que trabalha em Ponta Grossa, diretamente nos silos da Adubos Viana, analisando tanto a soja que chega do estado de Mato Grosso quanto a que sai dos silos em direção a Paranaguá. Em média, 80 carretas com soja são analisadas diariamente. A reportagem tentou entrar em contato com os representantes da certificadora SGS do Brasil e da Adubos Viana, mas foi informada de que os responsáveis não estavam.

Conselho de informações sobre Biotecnologia, Internet, 6-7-05

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