Brasil: população já sente impactos da primeira barragem no Xingu
As primeiras intervenções no Rio Xingu para a construção de Belo Monte foram iniciadas. Os construtores da usina estão fazendo a primeira barragem provisória para desviar parte do curso da água do Xingu.
A comunidade local já sente os impactos.
A ilha em frente à obra, onde passará o barramento inciado no último final de semana, está sendo desmatada. A autorização para supressão de vegetação foi dada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e prevê a derrubada de 5 mil hectares de floresta.
Moradores das comunidades e aldeias mais próximas afirmam que ninguém foi avisado do início da obra. De acordo com Movimento Xingu Vivo Para Sempre, muitos ribeirinhos e pequenos agricultores ainda não saíram de suas ilhas, casas ou comunidades.
O geógrafo Brent Millikan, coordenador da ONG International Rivers no Brasil, afirma que os impactos das ensecadeiras já ameaçam o rio com a morte de peixes e contaminação da água. Outra preocupação é com a navegação, já que barqueiros não sabem como atravessar as barragens.
Segundo indígenas da aldeia Arara da Volta Grande, a Norte Energia apresentou a proposta de um sistema de “transposição” das embarcações, feita por um guindaste que atravessaria os barcos para o outro lado do barramento. Barqueiros e indígenas já afirmaram, no entanto, que isso não funcionaria com o tipo de embarcação da região, apenas se os barcos de plástico.
O início do desvio das águas do Xingu foi possível com a derrubada de uma liminar que proibia o Consórcio de Belo Monte de realizar quaisquer obras no leito do rio. Em meados de 2011, a Associação dos Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (Acepoat) impetrou uma Ação Civil Publica argumentando que a usina acabará com a pesca na região.
O mesmo juiz que deu a liminar em setembro reviu sua decisão em dezembro, acatando o argumento da Norte Energia de que não haveria pesca ornamental no Xingu. A Acepoat ainda afirmou que recorrerá da decisão. (pulsar/ brasildefato)