Brasil: plantio de eucaliptos foi um desastre ambiental em Minas Gerais
"O eucalipto era destinado à produção de celulose e de carvão vegetal para siderurgia. Hoje, a população local sofre com a seca, com a perda de terras e dos empregos. A avaliação é de Ênio Bonenberg, integrante do Movimento Sem Terra em Minas Gerais"
Minas Gerais iniciou o plantio de eucaliptos há mais de 30 anos. Na época, a ditadura militar concedeu incentivos fiscais e terras públicas para que empresas se instalassem no estado. O eucalipto era destinado à produção de celulose e de carvão vegetal para siderurgia. Hoje, a população local sofre com a seca, com a perda de terras e dos empregos. A avaliação é de Ênio Bonenberg, integrante do Movimento Sem Terra em Minas Gerais.
“Só na região, no município de Turmalino, foram mais de 12 mil famílias atingidas, que ficaram sem a terra, que antes eles produziam, e que hoje as vertentes e as nascentes secaram. Elas ajudaram no plantio de eucalipto, então tiveram um emprego rápido por um salário mínimo na hora do plantio de eucalipto. Depois que o eucalipto cresceu, eles ficaram sem a terra e sem o emprego e hoje elas estão completamente abandonadas sem condições de sobrevivência”, denuncia.
Segundo Bonenberg, as maiores beneficiadas são empresas japonesas e alemãs que atuam na região e que são privilegiadas também pela ação do estado:
“Principalmente o semi-árido, onde a principal fonte de abastecimento dos riachos é a precipitação, é a chuva. E como só chove 4 meses por ano, é um desastre ambiental. E mesmo assim, a Secretaria de Meio Ambiente do estado de Minas Gerias fornece com muita facilidade, em menos de 10 dias muitas vezes, este licenciamento para o plantio de eucaliptos.”
O agricultor diz que as empresas tem a garantia dos governos de que não terão empecilhos nos investimentos, enquanto para a população só restou a opção do trabalho em condições precárias nos fornos de carvão.