Brasil: os agrotóxicos representam a base de sustentação do agronegócio
Esse consenso tirado no II Seminário Nacional da Campanha Permanente Contra Agrotóxicos e Pela Vida. O encontro realizado na semana passada, em São Paulo, reuniu comitês de todo o Brasil com o objetivo de traçar estratégias para o próximo período
Os participantes tiraram o entendimento de que o agronegócio é o modelo de desenvolvimento agrário que prioriza os latifúndios e a produção de mercadorias para exportação, em detrimento dos alimentos saudáveis. Portanto, lutar contra os agrotóxicos seria lutar por um outro modelo de desenvolvimento.
Segundo Frei Sérgio, do Rio Grande do Sul, uma das características mais fortes do agronegócio brasileiro é a alta dependência do capital financeiro. Ele conta que, mesmo endividadas, as empresas recebem incentivos e perdões do governo de forma recorrente.
Além disso, Frei Sérgio alertou para a insustentabilidade deste modelo de desenvolvimento. Ele explica que as plantas invasoras e os insetos se tornam mais resistentes ao veneno, e por isso, utiliza-se cada vez mais. Já se usa inclusive coquetéis, ou seja, a mistura de vários tipo de venenos na mesma aplicação. Ninguém sabe o que isso pode ocasionar.
Outro ponto de destaque foi o convênio 100/97 que existe entre o Ministério da Fazenda e as secretarias de fazenda dos estados. De acordo com esse convênio, os agrotóxicos recebem isenção de 60% no ICMS, e as empresas são autorizadas a conceder até 100% de desconto. Este é o caso do Mato Grosso, maior consumidor do Brasil.
Para o próximo período, a Campanha pretende intensificar a divulgação dos males causados pelos agrotóxicos. Além disso, vai buscar dar um maior enfoque à agroecologia, um modo de produzir
alimentos saudáveis sem agrotóxicos, de forma integrada à natureza e sem exploração do trabalho.