Brasil: movimentos denunciam impactos na construção de minerodutos
O MAB, em parceria com diversas entidades e movimentos populares, realizou nos dias 15 e 16 de setembro na cidade de Presidente Bernardes, na Zona da Mata mineira, o Seminário da Pauta Operária e Camponesa com foco em Minerodutos
O objetivo da atividade foi debater e ajudar na organização das famílias atingidas e ameaçadas por esses projetos, na sua articulação com autoridades e segmentos combativos da sociedade e na denúncia dos casos de violação dos direitos humanos.
Na quinta-feira (15), os presentes debateram os impactos de grandes empreendimentos na vida da população, seja de mineração, siderurgia, barragem ou mineroduto, questionando para que e para quem está servindo este modelo de desenvolvimento. As discussões foram principalmente em relação ao mineroduto da Ferrous, uma empresa de capital norte-americano, inglês e australiano.
Registrando inúmeros impactos sociais e ambientais, o projeto atinge 22 municípios dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Apenas em Presidente Bernardes, município com 4 mil habitantes, atinge em torno de 400 pessoas, ou seja, 10% da população. As quase mil propriedades do trecho dentro do estado de Minas Gerais foram todas desapropriadas por um decreto do governador Antônio Anastasia fundamentado numa lei de 1941.
A Zona da Mata mineira já é cortada por dois minerodutos da Samarco, controlada pela Vale. Um terceiro da mesma empresa está em construção e existem mais três projetados, todos de empresas privadas. Duas pessoas já morreram: um trabalhador acidentado na construção do mineroduto da Samarco na região de Ponte Nova e outro em Presidente Bernardes, devido aos transtornos do empreendimento.
Participaram da mesa de debates Leonardo Pereira de Resende, advogado membro da OAB de Viçosa, Marcos Nunes, vereador em Viçosa pelo Partido dos Trabalhadores e os militantes do MAB Fernanda Oliveira, Pablo Silva e Antônio Claret.
Na sexta-feira (16), depois de fazer uma panfletagem em Presidente Bernardes, os movimentos encerraram o Seminário definindo continuar o processo de organização dos atingidos e realizar encontros semelhantes nas cidades de Muriaé, Viçosa, Piranga e Congonhas, de onde sai o mineroduto da Ferrous, preparando uma grande audiência pública com todos os atingidos nas 22 cidades afetadas.