Brasil: monocultivo do eucalipto elimina pequenos afluentes do Rio São Francisco
Além da destruição da Mata Atlântica, os prejuízos ao meio ambiente causados pela Aracruz Celulose - multinacional especializada em fabricação de papel - podem ir mais longe
O Rio São Francisco, considerado o terceiro maior rio do Brasil, possui mais de 3 mil quilômetros quadrados de extensão e também já sofre com os danos da monocultura do eucalipto praticada por esta empresa. Para Ricardo Malvezzi, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), os prejuízos são visíveis.
“Para você fazer o plantio de extensas áreas com eucalipto, você acarreta o problema da eliminação dos mananciais. Só no norte de Minas se calcula que mais de mil e tantos pequenos nascentes e pequenos afluentes do Rio São Francisco, foram eliminados em função do plantio de eucalipto. A população percebe a eliminação destes pequenos riachos, estes pequenos mananciais que abasteciam as pequenas propriedades, as comunidades e as famílias.”
Segundo Malvezzi, as empresas de celulose atestam que estas práticas não causam impactos ao meio ambiente, mas até agora não se consegue perceber uma harmonia entre as questões sócio-ambientais e estes monocultivos.
Segundo ele, “a experiência concreta conduzida até agora é que o monocultivo, sobretudo nas áreas reflorestadas, no ponto de vista da biodiversidade e dos mananciais as áreas, só experimentaram prejuízos”.
A Aracruz Celulose é responsável por grande parte do desmatamento da Mata Atlântica com o plantio de 250 mil hectares de eucalipto. De acordo com a Fase – Organização não-governamental ligada aos direitos humanos - atualmente restam na área apenas seis aldeias indígenas, que reivindicam 10.500 hectares indevidamente apropriados por esta empresa, e 1.500 famílias quilombolas.